Na terça-feira (11), aconteceu um atentado na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), em que um homem armado disparou contra várias pessoas no local. Cinco vítimas morreram e três ficaram feridas.
Após o atentado, uma foto circula na web: um grupo de jovens fiéis junto com um padre, simulando armas com as mãos, na Catedral de Campinas. A imagem está em diversas postagens, tanto no Facebook como no Twitter, e ambas foram compartilhadas milhares de vezes. Porém, a informação é falsa, os estilos arquitetônicos dos dois espaços religiosos são completamente diferentes.
Amauri Ribeiro Thomazzi é o nome do verdadeiro do padre que rezava o culto quando o atentado ocorreu, sendo que depois postou nas redes sociais, um breve vídeo sobre o que aconteceu e contou que foram 20 tiros disparados e em seguida o responsável cometeu suicídio. “No final da missa uma pessoa entrou atirando e fez algumas vítimas, ninguém pode fazer nada, ajudar de forma nenhuma, mas eu peço a oração de todos”, pede o sacerdote em vídeo e tranquiliza que está bem.
Apenas pela fisionomia do padre, já é possível identificar que não se trata da mesma pessoa que está na foto. Além disso, a Catedral Metropolitana publicou em sua página oficial do Facebook, na quarta-feira (12), uma nota esclarecendo que a imagem não possui nenhuma ligação com a Igreja. Confira:
“Informamos que a foto que têm circulado nas redes sociais, na qual um sacerdote e demais jovens fazem sinal em referência ao porte de armas não se refere à Catedral. Não conhecemos a procedência dessa foto e, também, nenhum dos padres da Catedral estão presentes nela.
A Igreja é e sempre foi a favor da vida, por isso, reiteramos e solicitamos as pessoas que não compartilhem essa publicação”.
Trechos de diário do atirador citam “massacre” e “fazer algo grande”
Na tarde da última sexta-feira (14), a Polícia Civil divulgou partes de algo que pode ser considerado um diário feito pelo atirador da Catedral Metropolitana de Campinas. Nas anotações, Euler Fernando Grandolpho (49 anos) cita termos como “massacre” e o desejo de “fazer algo grande”.
Os delegados afirmam em coletiva de imprensa, que o indivíduo organizava um arsenal, depois que houve a apreensão de munições e quatro carregadores sem uso durante uma vistoria no quarto dele, em Valinhos (SP).
Veja a transcrição dos trechos do diário:
- Infelizmente elas só param com ajuda profissional (o estado negou, minha família negou) ou com um massacre”;
- Tenho que fazer algo “grande” p/q isso provoque a necessidade do “estado” fazer uma investigação rigorosa do q. aconteceu e quem são os verdadeiros culpados;
- Minha família, infelizmente é de deficientes mentais. E eu sei bem disso;
- Não sei pq motivo mas hj (29/08/2018) elas estão com fogo no… Desde a madrugada;
- Comecei a ver live ‘PUBG’ [game de tiro]. Depois de +/- 3 minutos elas invadem e começam a interferência (escandalosa, por sinal) Depois de uns dez minutos, levantei e fui carregar a CZ [arma que ele tinha em casa]. Pararam na hora. Liguei o rádio;
Na mesma coletiva, os delegados José Henrique Ventura e Hamilton Caviola pontuaram que esses trechos foram escritos em 2017. Segundo eles, a parte em que o responsável pelo atentado coloca “fazer algo grande para que isso provoque a necessidade do estado fazer uma investigação rigorosa”, simboliza uma insatisfação em relação ao retorno da Polícia Civil, após Euler ter registrado boletins sobre supostas perseguições.