No ar desde 2006, o Twitter é uma das redes sociais mais populares do mundo. Nela, a forma mais comum de interação é o Retweet, criado em 2009 por Chris Wetherell.
Em entrevista ao BuzzFeed News, Chris Wetherell revelou que ao criar a ferramenta sua intenção era “elevar as vozes de comunidades sub-representadas”, porém, se arrependeu logo em seguida. Isso porque pesquisas e estudos apontam que o Retweet incentiva a viralização de fake news nas redes sociais.
Wetherell disse ainda que ficou bastante preocupado assim que observou usuários do Twitter usando a ferramenta de Retweet pela primeira vez: “Podemos ter acabado de entregar uma arma carregada para uma criança de 4 anos”, pensou, na época.
Antes do botão existir, quando um usuário queria republicar um Tweet, tinha que fazer de forma manual: copiar e colar o texto, incluindo a sigla RT antes do comentário que desejasse fazer. Com a ferramenta, foi possível compartilhar o conteúdo de forma mais automática e muito mais rápida. Algum tempo depois, ela evoluiu e permitiu inserir comentários junto com o Retweet. Um tempo depois, o Facebook passou a compartilhar da mesma ferramenta. “Antes do Retweet, o Twitter era, em grande parte, um lugar de convívio. Depois, todo o inferno se soltou e se espalhou”, disse Wetherell.
Para saber a origem das fake news nas redes sociais, o Laboratório de Mídia do Massachusetts Institute of Technology (MIT) realizou um estudo, em março de 2018, que apontou o Twitter como uma das redes sociais com mais notícias falsas. Segundo os especialistas, as fake news se disseminam seis vezes mais rápido e com um volume 70% maior do que as verdadeiras na rede social.
Foram analisados 126 mil tweets, desde a criação do Twitter, em 2006, até o ano de 2017. O MIT revelou que as notícias foram retweetadas mais de 4,5 milhões de vezes e que o tema com maior índice de fake news é política. A conclusão foi que os conteúdos falsos mais viralizados impactaram 100 mil pessoas, enquanto os verdadeiras não chegaram a somar mil perfis atingidos.
Entre 2018 e o começo de 2019, o Twitter passou a tomar medidas contra o número de perfis fakes e robôs usados para espalhar fake news. Porém, segundo o MIT, os robôs não são os protagonistas na viralização de notícias falsas e sim os usuários reais. Isso porque a tendência é que uma pessoa acredite mais no conteúdo recebido por alguém de confiança e, com isso, compartilhe sem checar a veracidade.
Diante de tantas polêmicas, em julho de 2018, foram bloqueadas uma série de contas consideradas suspeitas. Entre os comportamentos duvidosos está o uso intenso após meses de inatividade. Com isso, perfis mais seguidos do Twitter chegaram a perder, em média, 2% dos seguidores.
Em junho de 2019, o Centro para a Inovação em Governança Internacional, do Canadá, divulgou uma pesquisa feita a partir de entrevistas realizadas, entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, com 25.229 usuários da internet em 25 países. A conclusão foi que 86% dos participantes já acreditaram em fake news que receberam pelas redes sociais. Especificamente no Twitter, 62% dos entrevistados disseram já ter lido informações e notícias falsas que viralizaram na plataforma.