EUA poderão usar perfis falsos nas redes sociais para verificar pessoas que entram no país

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Uma declaração do USCIS, divulgada na última terça-feira (3), explica que a partir de agora, oficiais dos Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA podem criar contas fictícias de mídias sociais para monitorar informações sobre estrangeiros que solicitam vistos, Green Cards e cidadania.

A mudança diz que contas e identidades falsas facilitarão a pesquisa de possíveis evidências de potenciais fraudes ou preocupações de segurança, ao decidirem permitir a entrada de alguém nos EUA. A mudança na política foi precedida por outras medidas tomadas pelo Departamento de Estado, que começou a exigir que os solicitantes de visto dos EUA enviassem seus nomes de usuário de mídia social em junho passado, uma vasta expansão da triagem aprimorada do Governo Trump de potenciais imigrantes e visitantes.

Não foram divulgados detalhes de como exatamente a criação de contas falsas de mídia social funcionará, devido a políticas de plataformas como Facebook e Twitter, que afirmam especificamente que a representação – fingindo ser outra pessoa que não você – viola os termos de uso. O Twitter e o Facebook encerraram recentemente várias contas que se acredita serem operadas pelo Governo chinês usando suas plataformas sob identidades falsas para operações de informação.

“É contra nossas políticas usar pessoas falsas e usar dados do Twitter para vigilância persistente de indivíduos. Esperamos entender as práticas propostas pelo USCIS para determinar se elas são consistentes com nossos termos de serviço”, descreve o trecho de um comunicado divulgado pelo Twitter esta semana.

Já o Facebook se pronunciou contra a decisão na última terça-feria (3), com o comunicado oficial – “Contas falsas violam as regras do Facebook, e mesmo o Departamento de Segurança Interna não pode criá-las, disse a rede social à Associated Press em resposta a  nova política implementada pela agência.”

PERFIS ‘FAKE’
Essa análise das mídias sociais seria conduzida por oficiais da Diretoria de Detecção de Fraude e Segurança Nacional da agência em casos sinalizados como exigindo mais investigação. A avaliação de privacidade observa que os policiais só podem revisar as mídias sociais disponíveis publicamente, disponíveis para todos os usuários na plataforma – eles não podem “fazer amizade” ou “seguir” um indivíduo – e devem receber treinamento anual.

Os oficiais também não têm permissão para interagir com os usuários nos sites de mídia social e só podem revisar passivamente as informações, de acordo com o documento do DHS. Embora muitas atividades de mídia social possam ser visualizadas sem uma conta, muitas plataformas limitam o acesso caso não se tenha uma.

CONFIANÇA NAS REDES
Dave Maass, pesquisador investigador sênior do grupo de defesa das liberdades civis Electronic Frontier Foundation, disse que esse uso de contas falsas “mina a confiança nas empresas de mídia social e a capacidade de comunicar, organizar e manter contato com as pessoas”. Ele acrescentou: “Não pode ser esse duplo padrão em que a polícia pode fazê-lo, mas membros do público em geral não podem”.

Mike German, um agente aposentado do FBI e membro do programa de Liberdade e Segurança Nacional do Centro de Justiça de Brennan, disse que é importante que existam diretrizes sólidas e que os legisladores façam muitas perguntas para garantir que não haja abusos. “É fácil saber quando um uso é apropriado e inteiramente necessário, mas também onde possa ser um caso de abuso”, afirmou German. “Só deve ser usado nos casos em que for absolutamente necessário.”