Falso: estudo não prova que novo coronavírus tem proteína do HIV

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Nesta segunda-feira (10), circula na internet que uma proteína existente no vírus HIV foi encontrada no novo coronavírus. De acordo com o texto, os cientistas responsáveis pela suposta descoberta consideraram improvável que essa ligação fosse mera coincidência.

Conhecido pela sigla 2019-nCoV, o novo coronavírus se espalhou rapidamente pela China, onde matou mais de 500 pessoas e já chegou a outros 24 países.

“Foi encontrada uma Glicoproteína gp120 presente no vírus HIV, responsável por fazer a ligação do vírus com a célula do hospedeiro, nas análises do ‘Coronavirus’ feitas em laboratório. E segundo as análises, não é uma obra da ‘natureza’, muito difícil ser um caso fortuito”, diz a legenda da postagem.

A informação é falsa. Por mais que um estudo recente, publicado no site bioRxiv, fale que foi encontrada no novo coronavírus uma proteína similar a outra presente no HIV, há falhas no modo conclusivo na teoria.

Inclusive, o artigo não foi revisado antes de sua publicação por outros pesquisadores especializados nessa área. Esse processo é chamado de revisão pelos pares (ou peer-review), sendo importante para validar os resultados e garantir a sua qualidade.

Após receberam várias críticas, os responsáveis pelo texto decidiram retirá-lo do site. O artigo sobre a similaridade entre as proteínas é assinado por nove pesquisadores da Escola de Ciências Biológicas Kusuma, em Nova Délhi, na Índia.

No texto, os autores explicam que analisaram as sequências do código genético do 2019-nCoV e se concentraram na glicoproteína S, que é o tipo de proteína ligada a um carboidrato. Os cientistas indianos pesquisaram quatro sequências genéticas presentes na glicoproteína S do novo coronavírus, em uma base de dados pública do Centro Nacional para Informação em Biotecnologia (NCBI, na sigla em inglês).

Nos resultados, afirmam que viram que as quatro eram idênticas a pequenos trechos de proteínas, as quais também presentes no vírus HIV-1. Essa conclusão foi a que eles defenderam a existência de uma similaridade não natural entre os dois tipos de vírus.

Através do Twitter, o cientista Trevor Bedford, do Centro de Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson, disse que os quatro segmentos selecionados pelos pesquisadores indianos têm ligação com vírus similares: “Não há nenhuma evidência para inserções de sequências ou relação com o HIV.”

Confira mais informações na galeria acima.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.