É falso que redes 5G disseminam o novo coronavírus

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Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que Redes de telefonia 5G propagam o coronavírus e diminuem a imunidade das pessoas, facilitando a infecção e turbinando a pandemia. As informações são falsas.

As mensagens dizem que existe um aumento de casos de coronavírus nos países onde há maior concentração de antenas. O narrador do vídeo diz ainda que está em curso um plano de dominação para uma nova ordem mundial. No Brasil, um desses vídeos tem cerca de 150 mil visualizações. No Reino Unido, torres da rede 5G foram queimadas após a divulgação dessas teorias conspiratórias.

As postagens foram compartilhadas no Facebook, YouTube e Instagram — muitas feitas por contas verificadas com centenas de milhares de seguidores. Mas cientistas dizem que a ideia de uma conexão entre a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e a rede 5G é “um absurdo total”, além de ser biologicamente impossível.

As teorias da conspiração foram classificadas como “o pior tipo de notícia falsa” pelo diretor médico do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra, Stephen Powis. Cientistas e autoridades de saúde refutam veementemente essas mensagens e lamentam os episódios de vandalismo.

A diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT-USP) Ester Sabino, uma das responsáveis pelo sequenciamento do genoma do novo coronavírus, afirmou ao G1: “O problema é as pessoas usarem o celular e não limparem as mãos e o próprio aparelho. Isso, sim, transmite a Covid-19, não a antena 5G”.

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirmou que “é uma ideia absurda afirmar que as ondas de rádio 5G aumentam a propagação do vírus causador da Covid-19”. Ele também disse que “é uma grande bobagem afirmar que causa danos no sistema imunológico das pessoas”. “Precisamos tomar muito cuidado com as fake news, que se propagam tanto ou mais que o próprio vírus.”

Gustavo Corrêa Lima, responsável pela plataforma tecnológica de Comunicações sem Fio do CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) deixa claro que as afirmações não têm nenhuma sustentação.

Ele diz que essas teorias surgiram porque o lançamento comercial do 5G na China ocorreu em uma época muito próxima à do surgimento dos casos do novo coronavírus. “Algumas pessoas que são contra o 5G sem motivação científica aproveitaram dessa coincidência para começar a disseminar essa desinformação.” Antes da China, países como a Coreia do Sul e a Suíça já tinham instalado uma boa base de células e iniciado a operação comercial no primeiro semestre de 2019.

Em primeiro lugar, não é verdade que a radiação emitida pelos equipamentos 5G afetam a imunidade e facilitam o trabalho do vírus, afirma. Lima diz que estudos realizados no Reino Unido mostram que no 5G as radiações estão muito abaixo dos limites estipulados pela Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), que define o máximo de potência que pode ser transmitido sem afetar a saúde humana.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.