Novo estudo aponta que altas doses de vitamina D não evitam nem tratam Covid-19

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Um artigo publicado na última semana no periódico British Medical Journal (MBJ), mostra que, até o momento, não há evidências científicas de que altas doses de vitamina D ajudem na prevenção ou no tratamento da Covid-19.

Desde o início da pandemia, pesquisas apontam que uma parcela significativa dos pacientes infectados pelo novo coronavírus tem taxas baixas dessa substância no organismo. Contudo, nunca foi estabelecida uma relação de causalidade entre esses dois fatos.

A vitamina D, em doses moderadas, é fundamental para a regulação do sistema imunológico. Em doses excessivas, contudo, pode trazer problemas, como disfunções renais. Por causa disso, após revisão da literatura médica, os pesquisadores reforçaram que a população não deve tomá-la sem orientação e acompanhamento de um médico.

A discussão sobre o uso de suplementos de vitamina D no combate ao novo coronavírus ganhou força em março. Jornais italianos publicaram informações de um grupo de médicos, que afirmava que grande parte dos internados com a Covid-19 sofriam de hipovitaminose D (baixas taxas da vitamina no organismo).

Os especialistas sugeriam que a suplementação poderia ajudar a reverter esse cenário. Em maio, um artigo publicado na revista The Lancet confirmou a tendência. Relatórios de diferentes países indicaram um alto número de pacientes internados pelo novo coronavírus com deficiência da vitamina.

Os autores do estudo ressaltaram, porém, que não se sabe se essa é uma causa ou uma consequência da Covid-19. Além disso, pesquisas anteriores, que relacionam o micronutriente com outras doenças, não mostraram, em sua maioria, benefícios no uso de suplementos nem para prevenção, nem para tratamento.

As informações divulgadas pelos jornais italianos, entretanto, logo se espalharam, e em pouco tempo os “efeitos protetores” da vitamina D no combate à Covid-19 inundaram as redes sociais. Aqui no Brasil, a informação ganhou, inclusive, contornos científicos quando a Associação Brasileira de Harmonização Orofacial (Abrahof) publicou um posicionamento sugerindo o uso de suplementos da vitamina.

Poucos dias depois, entidades médicas – como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), entre outras – emitiram notas manifestando repúdio a esse posicionamento.

Segundo as instituições, não havia evidências científicas para a indicação. Portanto, elas não recomendam “imunomodulação usando vitamina D em dose alta e injetável”. O estudo publicado na última semana no British Medical Journal reforça essa advertência.