Circula pelas redes sociais uma postagem afirmando que a porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, teria dito que “nunca aconselhou a aplicação de confinamento como medida para o combate ao coronavírus”. A postagem acompanha um link para uma matéria no site do jornal australiano “The Sydney Morning Herald” que, em inglês, entrevista Margareth Harris a respeito da flexibilização das medidas de distanciamento social aplicadas na Austrália e na Nova Zelândia.
“Todos, agora, tirando o seu da reta: Porta-voz da OMS, diz que nunca aconselhou a aplicação de confinamento, como medida para o combate ao coronavírus” – Texto publicado no Facebook. (Fonte: Reprodução/Facebook)
A informação que circula nas redes sociais é falsa. A postagem distorce o que é dito pela porta-voz da OMS na entrevista, que foi dada em abril. Na ocasião, Harris afirmou que, Austrália e Nova Zelândia conseguiram rastrear os casos aplicar medidas de isolamento bastante rígidas do início da pandemia e, devido a isso, tiveram sucesso no controle da doença. Ao citar ambos países como exemplo, ela então afirma “Nunca dissemos façam lockdown — dissemos identifiquem, façam o rastreamento e acompanhem o desenvolvimento dos casos, isolem e tratem os doentes”, mas apenas no caso de países que possuem o controle da doença, diferentemente do Brasil.
Harris ainda criticou a posição de países que adotaram apenas o “lockdown” sem considerar outras ações importantes, como o rastreamento de pessoas infectadas. Ela usou como exemplo a cidade de Wuhan, que foi a primeira a registrar casos da doença no mundo: “Acho que muitos países passaram por restrições muito grandes quando olharam para Wuhan e viram isso funcionando. Mas eles não olharam para o que aconteceu também em Wuhan, que era um rastreamento de contato muito agressivo, isolamento muito agressivo de pessoas que tinham contato, garantindo que essas pessoas não fossem a lugar algum, e testes muito difundidos. Portanto, havia muito mais do que simplesmente fechar o local”, disse.
Na Austrália, citada pela porta-voz da OMS como um exemplo a ser seguido, em 23 de março, no início da pandemia no país, foram decretadas medidas bastante restritivas de isolamento social em nível nacional. O país atualmente possui poucos casos ativos da doença – 7 casos, na última terça-feira (09). Na Nova Zelândia, a primeira ministra, Jacinda Ardern, decretou o isolamento total do país em 23 de março e o país já não registra nenhum caso da doença e, só assim, os habitantes puderam suspender as medidas de isolamento social.
A OMS recomenda em seu site que a população permaneça em casa como uma das medidas de proteção contra a Covid-19 e, em caso de necessidade real de sair de casa, pede que as pessoas usem máscaras de proteção. Portanto, é falso que a OMS não recomende o isolamento social e a notícia que circula nas redes sociais é uma má interpretação de uma entrevista antiga, que aconteceu em 27 de abril.
Conteúdo de fact-checking do Pipeify.