CoronaVac não é produzido a partir de células de bebês abortados

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Nesta semana, começou a circular nas redes sociais um post que afirma que células de bebês abortados estão sendo utilizadas na produção da vacina CoronaVac, proveniente da farmacêutica chinesa Sinovac. A vacina está sendo testada no Brasil em parceria com o Instituto Butantan.

“Células de bebês abortados são utilizadas para produção de vacina chinesa. Será que o Doria vai revelar isso em suas coletivas de imprensa?”, diz a legenda da postagem que viralizou no Facebook.

A informação é falsa e não há evidências de que células de bebês abortados foram – de fato – utilizadas no desenvolvimento da Coronavac. De acordo com o artigo publicado na revista Science, seis imunizações que estão sendo desenvolvidas utilizaram culturas de células originadas em dois fetos abortados, um em 1972 e outro em 1985, para produzir componentes da vacina.

Entretanto, a Coronavac não está nessa lista. Conforme os pesquisadores da companhia, em artigo também publicado pela revista Science, células Vero foram usadas para cultivar os vírus utilizados na produção da vacina. A cultura celular foi desenvolvida em 1962 e criada a partir de células renais de uma espécie de macaco africano conhecida como “macaco verde”. Sendo assim,  não foi feita utilizando fetos humanos como plataforma.

Publicado em junho, o artigo da Science retrata o uso de células fetais humanas no desenvolvimento de vacinas. Há cerca de 50 anos, culturas celulares desenvolvidas em laboratório a partir de embriões são usados para testar ou até produzir medicamentos. Uma delas é conhecida como HEK-293, que oi criada em 1972 a partir de células renais de um feto abortado nos Países Baixos. Enquanto o PER.C6, foi feita em 1985 e a partir de células da retina. Ambas desenvolvidas pelo cientista holandês Alex van der Eb.

É importante ressaltar que as células usadas não são dos próprios fetos, mas sim suas cópias. Mesmo que tenham se originado em um embrião, as células sofreram modificações e com isso, foram replicadas por décadas, em diferentes partes do mundo. Segundo a Science, cinco imunizações para a Covid-19 estão usando a HEK-293 ou a PER.C6 para desenvolver culturas de adenovírus inativados e nesse procedimento só é necessário em vacinas de vetor viral não replicante.

Além disso, entre as seis vacinas listadas pela Science, apenas duas já estão sendo testadas em humanos. Uma delas é a ChAdOx-1 nCov-19 da Universidade de Oxford e a outra é uma imunização que está sendo desenvolvida pela empresa chinesa CanSino Biologics, ainda na segunda fase de testes com humano.

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Conteúdo de fact-checking do Pipeify.