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Exames em hospital na Alemanha confirmam que opositor de Putin foi envenenado

Segundo equipe médica, Navalni não corre risco de morrer, mas substância pode deixar sequelas (Foto: Divulgação)

Nesta segunda-feira, quando o envenenamento ainda era uma suspeita, a Alemanha ofereceu um reforço à segurança pessoal de Navalni, mencionando o histórico recente da Rússia com casos semelhantes de opositores de Putin que foram intoxicados.

Horas após pronunciarem ajuda pessoal ao opositor russo, médicos alemães responsáveis pelo tratamento de Alexei Navalni confirmaram, nesta segunda (24), que o opositor do presidente Vladimir Putin foi realmente envenenado por uma substância que atua no sistema nervoso.

“Os achados clínicos indicam intoxicação por uma substância do grupo dos inibidores da colinesterase”, diz o comunicado divulgado pelo Hospital da Charité,​ para onde Navalni foi transferido no sábado (22).

Segundo o hospital, “o efeito do veneno foi confirmado por vários testes em laboratórios independentes”. O diagnóstico contraria a versão apresentada pelos médicos russos, segundo a qual não havia vestígios de substâncias tóxicas nos exames feitos no ativista durante o atendimento na Rússia.

A colinesterase é uma enzima fundamental para o funcionamento regular do sistema nervoso. Os inibidores da enzima, por sua vez, são um grupo de compostos químicos de usos diversos, desde o tratamento de doenças neurológicas como Alzheimer, até a composição de pesticidas e armas químicas.

Embora tenham afirmado que o ativista não corre risco de morrer, os médicos não descartaram a “possibilidade de efeitos a longo prazo, particularmente aqueles que afetam o sistema nervoso”.

Navalni, 44, está sendo tratado com um antídoto, mas, de acordo com os médicos, seu “prognóstico ainda é obscuro”, e ele permanece em coma induzido. Na quinta (20), o ativista passou mal em um voo da Sibéria para Moscou.

Nas redes sociais, a assessora de Navalni, Kira Iarmich, disse que ela e outros aliados do ativista vinham afirmando “desde o início” que ele tinha sido envenenado, ao contrário dos médicos russos, a quem ela chamou de “propagandistas do Estado”.

“O envenenamento de Navalni não é mais uma hipótese, mas um fato”, escreveu Iarmich. “Espero que agora a Comissão de Investigação considere necessária a abertura de processo criminal.”

A chanceler alemã endossou o pedido por uma investigação, dizendo que “os responsáveis devem ser identificados e responsabilizados”.

“À luz do proeminente papel desempenhado por Navalni na oposição política na Rússia, as autoridades locais são agora chamadas com urgência para investigar este crime até o último detalhe —e fazê-lo com total transparência”, disse Merkel.

Na Rússia, o Ministério da Saúde contradisse o diagnóstico a que os médicos chegaram em Berlim. Em um comunicado, o Kremlin afirmou que Navalni teve teste negativo para inibidores da colinesterase, assim como para uma ampla gama de substâncias.

Mais cedo nesta segunda, médicos russos disseram que o atendimento que Navalni recebeu ainda na Rússia foi fundamental para sua sobrevivência. “Nós salvamos a vida dele com grande esforço e trabalho”, disse Alexander Murakhovsky, chefe do hospital em Omsk, cidade em que Navalni foi internado após um pouso de emergência. Segundo o médico, não houve nenhuma pressão externa ou interferência oficial no tratamento oferecido ao crítico de Putin.