França, Itália e Reino Unido não liberaram o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19

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Está circulando um post nas redes sociais que diz que países europeus como França, Itália e Reino Unido liberaram o uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19, e que isso teria partido do presidente Bolsonaro.

O post diz: “O Presidente Bolsonaro puxou a fila e agora França, Itália e Reino Unido já estão usando a cloroquina. Bolsonaro virou Mito Mundial”.

O post diz: “O Presidente Bolsonaro puxou a fila e agora França, Itália e Reino Unido já estão usando a cloroquina. Bolsonaro virou Mito Mundial” (Foto: Pixabay)

No entanto, a informação é falsa. Nenhum dos países citados no post liberaram o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. Também não há registros recentes que mostram que França, Itália e Reino Unido recomendam a administração do medicamento para combater a doença.

Em maio, a Agência Italiana de Remédios (AIFA) publicou decisão que suspende o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19. “Enquanto se aguarda evidência mais sólida de ensaios clínicos em andamento na Itália e em outros países (com referência particular aos randomizados), a AIFA suspende a autorização para o uso de hidroxicloroquina para o tratamento de SARS-CoV-2, fora dos ensaios clínicos, tanto em hospitais como em casa”, dizia nota da instituição.

A mesma decisão foi tomada por outros países, como a França. O governo emitiu um decreto em 27 de maio que revogou a autorização do uso de hidroxicloroquina para casos de Covid-19. A decisão foi tomada depois que o Conselho Nacional para Saúde Pública do país recomendou não utilizar os medicamentos no tratamento contra o novo coronavírus. No Reino Unido, a Agência que regula medicamentos e produtos de saúde (MHRA) reforçou em junho que nem a hidroxicloroquina nem a cloroquina estão licenciadas para tratar os sintomas relacionados à Covid-19.

Já no Brasil, o uso desses dois medicamentos no tratamento de Covid-19 é autorizado. A orientação para a prescrição fica a critério do médico, sendo necessária a autorização declarada do paciente. O protocolo mais recente publicado pelo Ministério da Saúde é de junho deste ano. O texto diz que a administração do medicamento para casos leves, moderados e graves também se estende a crianças e gestantes, que passaram a fazer parte dos grupos de risco.

Um estudo brasileiro, publicado em julho no periódico New England Journal of Medicine comprovou que a hidroxicloroquina é ineficaz no tratamento de casos leves e moderados da Covid-19. Foi um ensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado, realizado com centenas de pacientes. Trata-se de uma série de práticas que permitem eliminar possíveis vieses e incertezas durante o processo, permitindo resultados mais confiáveis.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforça que não há evidências científicas que comprovem a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina contra a Covid-19.

Conteúdo de fact-checking do Pipeify.