Zeca Camargo dispara: “As fake news são desenhadas para incomodar, para acariciar os seus defeitos”

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Em entrevista ao programa de Celio Ashcar Jr, que foi ao ar nesta segunda-feira (12), o apresentador e escritor Zeca Camargo falou sobre fake news, a “cultura” do patrulhamento social e do unfollow, a sua grande facilidade em se reinventar na carreira.

Sobre as fake news, Zeca Camargo deu dicas de como as pessoas devem se prevenir. “Existe uma maneira de você se defender de fake news que é sabedoria, é ter boa informação. Por causa das fake news, as pessoas tem que exercitar um pouco do que o jornalista faz, que é a capacidade de desconfiar de tudo. Quando você houve uma noticia que você gosta, porque às vezes fala um pouco do seu preconceito, com o teu mau humor, com a tua insatisfação, as fake news são desenhadas para incomodar, para acariciar os seus defeitos. É preciso analisar as fontes. O mais importante é voltar a exercitar a nossa capacidade de duvidar das coisas. Desconfiar é a nossa capacidade de ‘não vão me chamar de idiota’, eu não compro qualquer notícia. As fake news são uma realidade e dificilmente vamos ficar livres dela em um mundo cada vez mais conectado, mas a gente tem ferramentas para sair disso e o nosso antidoto é a informação, a sabedoria e a sua vontade de desconfiar das coisas”.

O novo diretor artístico da Band ainda declarou que acredita que o mundo está se transformando nas redes sociais e acredita que é preciso buscar um ponto de equilíbrio na cultura do politicamente correto.

Vivemos em sociedade diferente e do alto dos meus 57 já vivi vários estágios dessa sociedade. A gente pode se rebelar contra isso ou aceitar. Toda vez que tem uma mudança social muito grande, você tem que pensar se isso te ofende, te agride ou  isso pode ser absorvido de alguma maneira. Hoje vivemos em um tempo muito delicado e acho isso uma coisa positiva. Gente que nunca teve voz e agora tem, gente que era humilhada, hoje é enaltecida, e isso é super importante. Estamos vivendo em um período de transformação e isso não vai ser para sempre. Acredito que vamos chegar em um equilíbrio entre o politicamente correto com a liberdade total em que as pessoas costumavam a ter. Essa liberdade agora precisa ser negociada a cada stand-up, a cada programa de humor, a cada texto ou a cada programa que você elabora. Você tem que negociar essa liberdade o tempo todo. Eu acho que é uma sociedade melhor, não reclamo disso, eu só tenho que ter a esperança de  que isso vai chegar em um ponto de equilíbrio mais confortável. Hoje perdemos a coisa mais preciosa que temos que é a capacidade de discutir, pois imediatamente uma pessoa não concorda com o seu pensamento e te xinga, porque não está a fim de discutir. Hoje não podemos mais discordar, fugimos do principio da filosofia que é justamente duas pessoas com ideias opostas. O nosso pensamento, a nossa filosofia, a nossa capacidade de pensar, evoluir. Com a estupidez em que a gente tem no discurso superficial atual, é muito fácil a gente perder a nossa capacidade de argumentar”.

Já em relação ao turismo, o jornalista, que já fez quatro voltas ao Mundo, não poupou criticas. “O Brasil é um país incrível. Eu escrevo sobre Turismo, dou palestras sobre isso e, como viajante, o Brasil tem um potencial absurdo, que eu acho que ainda vamos chegar lá. O que eu puder colaborar com isso, eu falo que podem contar comigo. A Embratur tem um slogan péssimo! Até fiz uma coluna na Folha de S. Paulo falando para mudar esse slogan para ‘Brazil, we know about passion’. A gente é apaixonado por futebol, por música, por comida, por natureza, pelas pessoas. Este é o Brasil que eu quero que os turistas visitem. É um Brasil em que se tem paixão pra vender. O denominador comum disso tudo é paixão”.