É falso que vacinas em teste no Brasil não passaram por fase pré-clínica

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Desde que os testes finais de diversas vacinas ao redor do mundo têm começado a serem noticiadas, diversas informações falsas sobre as vacinas têm circulado pelas redes sociais. 

Na última semana, um boato que tem circulado é a de que o médico Anthony Wong teria feito um vídeo afirmando que “nenhuma vacina contra o novo coronavírus passou pela fase pré-clínica” de testes. Entretanto, a informação é falsa. 

Os rumores começaram em outubro deste ano e mesmo depois de diversas notícias alegando a falta de veracidade do vídeo, diversas pessoas continuam repercutindo o vídeo como uma informação verídica em suas redes sociais, entretanto, a informação não é verídica. Todas as vacinas em testes no Brasil passaram por essa etapa.  

O estágio pré-clínico é aquele em que o imunizante é aplicado em animais, ainda em laboratório, para saber se ele é seguro e deve seguir para a próxima etapa, para ser testado em humanos. 

Como a pandemia do coronavírus conta com milhares de mortes e infectados ao longo de todo o mundo e em uma crescente em diversos países, como na Europa – que enfrenta a segunda onda – o processo de desenvolvimento das vacinas teve que ser acelerado, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia alertado. 

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“Todas as vacinas passaram por testes em animais”, afirma Jorge Venâncio, coordenador da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), um dos órgãos responsáveis por autorizar pesquisas dos imunizantes no país. 

De acordo com a OMS, algumas das vacinas que estão sendo desenvolvidas para o covid-19 avançaram para alguma das fases de estudos clínicos, momento em que a segurança e a eficácia dos imunizantes passam a ser testadas em humanos. 

Para os testes em humanos, são usadas as mais diversas técnicas para verificar como a vacina age no corpo humano e como é possível provocar a resposta imune no corpo: o vírus inativado, trechos de RNA, adenovírus não replicantes ou proteínas que podem servir de portadores do material genético do novo coronavírus para que o corpo o reconheça e aprenda a combatê-lo antes de ser infectado. 

USP reitera que posicionamento de Anthony Wong não os representa

O vídeo de Anthony Wong que viralizou na web e continua a ser repercutido em alguns grupos de WhatsApp, contém informações errôneas e contestadas por diversos médicos. 

O médico, registrado no Conselho Regional de Medicina de São Paulo desde agosto de 1973, não tem especialidade registrada a classe de médicos. De acordo com o currículo de Anthony, disponibilizado pelo CNPq, ele se formou em Medicina pela USP em 1972 e fez doutorado em Pediatria pela mesma instituição entre 1994 e 2000. Atualmente, Anthony é médico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. 

Após a repercussão, Wong foi procurado por meio da assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) para falar sobre a polêmica. Em nota para o Comprova, a entidade ressaltou que as opiniões do médico “não representam a posição institucional do hospital”. Por telefone, a assessoria de imprensa da unidade de saúde também disse não estar autorizada a passar o contato do médico. 

Conteúdo de fact-checking do PaiPee.