É montagem a foto de Joaquim Barbosa rasgando a Constituição Federal

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Circula nas redes sociais uma foto que mostra o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rasgando a Constituição Federal. Na imagem, Barbosa estaria na corte, rasgando a Constituição em frente aos colegas de trabalho. A legenda da publicação ainda afirma que o ex-ministro teria feito um discurso contra a democracia brasileira e a corrupção.

“O ministro Joaquim Barbosa presidente do supremo tribunal federal rasgou a Constituição Brasileira na frente de vários colegas do Supremo e afirmou: Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram. Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal podem ser mudadas por condenados. Somos o único caso de democracia no mundo em que os deputados, após condenados, assumem cargos e afrontam o judiciário. Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que, condenados, façam seus habeas corpus, ou legislem para mudar a lei e serem libertos” – Legenda de imagem publicada em post do Facebook (Fonte: Reprodução)

Essa informação é falsa. A foto que mostra o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, rasgando a Constituição Federal é, na verdade, uma montagem. Além disso, não existem registros da fala que foi atribuída a Joaquim Barbosa. A foto falsa circula na internet desde 2013, e voltou a ser compartilhada em dezembro de 2020.

A imagem original foi feita em 2009, quando o então deputado estadual Lula Morais (PCdoB), pelo Ceará, rasgou uma edição da revista Veja. O fato aconteceu durante uma sessão na Assembleia Legislativa, em 29 de setembro e foi registrada pelo fotógrafo José Leomar.  Comparando as duas fotos, é possível notar os mesmos elementos, como o fundo, a posição do microfone e a posição da mão segurando a revista.

Não existem registros oficiais de que Barbosa tenha criticado a democracia brasileira. Um boato semelhante já circulou nas redes sociais em 2013, quando o julgava a Ação Penal 470 – popularmente conhecida como Mensalão. Joaquim Barbosa foi o relator do processo do Mensalão, esquema que investigou compra de votos de parlamentares durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No acordão do julgamento de um recurso do processo, publicado pelo STF na época, não constam nas falas dos ministros a afirmação que circula no post. No relatório, Joaquim Barbosa afirmou que: “Noutras palavras, admitir o recurso de embargos infringentes seria o mesmo que aceitar a ideia de que o Supremo Tribunal Federal, num gesto gracioso, inventivo, ad hoc, magnânimo, mas absolutamente ilegal, pudesse criar ou ressuscitar vias recursais não previstas no ordenamento jurídico brasileiro, o que seria inadmissível, sobretudo em se tratando de um órgão jurisdicional da estatura desta Suprema Corte”.

Conteúdo de fact-checking do PaiPee.