Beber vodca ou uísque não mata o coronavírus na garganta

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Beber vodca ou uísque não mata o coronavírus na garganta (Foto: Pixabay)
Beber vodca ou uísque não mata o coronavírus na garganta (Foto: Pixabay)

Tem circulado pelo WhatsApp um áudio em que uma mulher diz que beber uísque ou vodca mata o coronavírus na garganta.

Na mensagem, a mulher diz que, numa família de seis pessoas, a única que ficou doente foi a parente que não bebe. “Você saiu pra rua. Quando chegar em casa, toma um gole de vodca ou uísque! Não precisa tomar muito. O bichinho fica na garganta. Você tomando, mata o bicho. Se você passa o álcool no mão, ele morre. Se passar na garganta, também”.

No entanto, a informação é falsa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as únicas maneiras de matar o vírus antes que ele entre em contato com as vias respiratórias, é lavando as mãos e usando álcool em gel. Além de usar a máscara para evitar a proliferação do vírus.

Quando o vírus já está na garganta, a velocidade com que a infecção evolui no organismo humano é muito rápida, além de ser impossível esterilizar o ambiente da boca e da garganta com bebida alcoólica.

O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, explicou ao G1 o processo de infecção do coronavírus: “O vírus não é restrito à garganta, ele é capaz de infectar a maior parte do trato respiratório superior [cavidade nasal, laringe, faringe] e também o trato respiratório inferior [traqueia, brônquios, pulmões]. O processo de infecção do novo coronavírus leva poucos minutos depois do contato. Em muitos casos, em um, dois, até cinco minutos, o vírus já está dentro da célula, e o álcool não tem mais efeito”.

Neris lembra que, de qualquer forma, bebidas como uísque ou vodca não têm o mesmo poder desinfetante do álcool a 70%, que é o recomendado para limpar superfícies em meio à pandemia do coronavírus. “O álcool mais virucida (com capacidade de destruir um vírus) tem a concentração de 70%. A maioria destes destilados mais comuns não tem essa concentração. E, ainda que tivessem, geram um problema adicional: o consumo frequente de bebidas de alto teor alcoólico pode ocasionar outros problemas de saúde”.

A autora do áudio que viralizou diz ainda que pessoas em situação de rua não têm adoecido porque bebem muito. “Por que até hoje você não ouviu falar de nenhum morador de rua que pegou Covid?”, ela indaga.

Porém, essa é outra informação falsa. Foram registrados casos e mortes em decorrência da Covid-19 em cidades como São Paulo e Belo Horizonte entre os sem-teto.

Conteúdo de fact-checking do Paipee.