Boato sugere que Associação Médica Americana recomenda a hidroxicloroquina contra a Covid-19

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Circula nas redes sociais a informação de que a AMA (Associação Médica Americana) teria publicado uma resolução recomendando o uso da hidroxicloroquina para combater a Covid-19. Segundo a publicação, artigos científicos teriam comprovado que o medicamento seria eficaz, caso utilizado na dose correta.

“Associação Médica Americana declara que retira as restrições contra Hidroxicloroquina e admite seus benefícios, liberando para uso em tratamentos precoces visto a quantidade de artigos científicos citando seus resultados positivos na dose correta.” – Texto que circula nas redes sociais.” (Fonte: Reprodução)

Essa informação é falsa. Não é verdade que a AMA (Associação Médica Americana) publicou uma resolução em que recomenda o uso precoce da hidroxicloroquina contra a Covid-19. O boato foi criado com base em um documento apresentado em uma reunião da entidade em novembro, porém, diferente do que circula nas redes, o documento não foi aprovado.

A mesma peça de desinformação também já circulou em inglês e, agora no Brasil, soma mais de 15 mil compartilhamentos.

Em um texto publicado em março e atualizado em abril, o posicionamento da AMA, em relação ao uso da hidroxicloroquina, afirma que evidências definitivas sobre a eficácia do medicamento ainda são necessárias e não foram obtidas em testes clínicos robustos.

“Médicos, farmacêuticos, pacientes e responsáveis por políticas públicas devem entender que essas medicações têm efeitos colaterais perigosos que podem prejudicar pacientes, incluindo arritmias fatais.”, diz o texto.

Em uma reunião que aconteceu no mês passado, membros da AMA discutiram um pedido de revogação do posicionamento, que deveria ser substituído pela informação de que “estudos estão em andamento para esclarecer os potenciais benefícios da hidroxicloroquina e de terapias combinadas no tratamento da Covid-19” e que a associação apoia médicos que prescreverem a “medicação aprovada para uso off-label pela FDA de acordo com seu julgamento clínico”. Essas requisições, no entanto, não foram aprovadas.

Apesar de ter o uso emergencial aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora americana) em março deste ano, a droga teve a permissão revogada pelo mesmo órgão em junho, já que não apresentou nenhum benefício no combate à doença. Além disso, o medicamento não é recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) ou outros institutos parceiros da organização.

Conteúdo de fact-checking do PaiPee.