O projeto da empresa Ectolife foi lançado esta semana e seu vídeo tem gerado bastante polêmica. Isso porque o conteúdo apresenta uma instalação supostamente capaz de “incubar até 30.000 bebês criados em laboratório por ano”.
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O vídeo é real porém, a proposta foi tirada de contexto por alguns usuários online. O criador do conceito do vídeo, Hashem Al-Ghaili, confirmou à imprensa que o projeto, chamado EctoLife, não é atualmente uma instalação ou empresa existente genuína.
Exemplos de postagens de mídia social que parecem acreditar que a EctoLife é uma instalação ou empresa real e funcional podem ser vistos na galeria de fotos acima.
Em um press-release sobre seu projeto, Hashem se descreve como um “produtor, cineasta e comunicador de ciência”.
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Hashem Al-Ghaili confirmou que a instalação da EctoLife “não existe no momento”.
“Este é um conceito e não uma empresa da vida real”, disse Al-Ghaili por e-mail.
Sobre a possibilidade de se desenvolver vida fora do útero materno, os cientistas realizaram de fato uma pesquisa com cordeiros extremamente prematuros por neonatologistas do Hospital Infantil da Filadélfia, que em 2017 descreveu como eles criaram um ambiente semelhante ao útero em um dispositivo extracorpóreo para desenvolver completamente os cordeiros fetais.
No momento, não é possível criar um bebê fora do útero durante as 40 semanas completas de gravidez. Mas o Dr. Carlo Bulletti, um especialista em fertilidade com mais de 40 anos de experiência em pesquisa em medicina reprodutiva, acredita que pode ser daqui a uma década.
‘Se houvesse apoio financeiro adequado, acho que 10 anos seriam razoáveis’, diz ele. ‘Os benefícios da ectogênese do ponto de vista científico são enormes.’
Em 2021, cientistas conseguiram pela primeira vez que um embrião de camundongo cresce-se em um útero artificial.
De acordo com um grupo científico em Israel, os pesquisadores criaram camundongos em um útero artificial por até 11 ou 12 dias, cerca de metade do período de gestação natural do animal.
É um recorde para o desenvolvimento de um mamífero fora do útero e, de acordo com a equipe de pesquisa, os embriões humanos podem ser os próximos – levantando novas e enormes questões éticas.
“Isso prepara o terreno para outras espécies”, diz Jacob Hanna, biólogo do desenvolvimento do Weizmann Institute of Science, que liderou a equipe de pesquisa. “Espero que isso permita aos cientistas cultivar embriões humanos até a quinta semana.”
Cultivar embriões humanos em laboratório por tanto tempo, até o primeiro trimestre, colocaria a ciência em rota de colisão com o debate sobre o aborto. Hanna acredita que os embriões cultivados em laboratório podem ser um substituto de pesquisa para tecidos derivados de abortos e, possivelmente, uma fonte de tecidos para tratamentos médicos também.
Conteúdo de fact-checking do PaiPee.
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