Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos e que faleceu no último domingo (29), deixou um legado importante na defesa dos direitos humanos, inclusive no Brasil.
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Isso porque, durante seu mandato, Carter se destacou por estabelecer diálogos significativos com opositores do regime militar que governava o país na década de 1970.
Entre as figuras mais notáveis com quem Carter manteve contato está Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal e arcebispo de São Paulo.
O vínculo entre ambos começou em 1977, quando Dom Paulo enviou uma carta ao presidente americano relatando a repressão política e anexando uma lista de desaparecidos. Esse gesto precedeu a divulgação pública do documento no Brasil meses depois.
Na correspondência, o cardeal destacou a angústia de familiares de prisioneiros políticos e apelou para que Carter usasse sua influência em favor dos direitos humanos.
Com isso, Carter respondeu com sensibilidade, reconhecendo a gravidade da situação e elogiando o trabalho de Dom Paulo em defesa da dignidade humana.
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Assim, a visita de Carter ao Brasil, inicialmente planejada para incluir São Paulo, acabou sendo alterada por questões diplomáticas e logísticas. O encontro com Dom Paulo ocorreu no Rio de Janeiro, mas foi diluído pela presença de outros arcebispos alinhados ao regime militar.
Apesar disso, Dom Paulo aproveitou a oportunidade para discutir questões críticas, como a censura à revista São Paulo e a atuação das multinacionais que, segundo ele, contribuíam para a perpetuação de regimes repressivos.
Durante o diálogo, ele entregou um memorando detalhando essas preocupações e uma carta coletiva assinada por líderes religiosos denunciando opressões econômicas e políticas em diversas nações.
Dessa forma, a postura de Carter incomodou o governo brasileiro, que tentou minimizar as discussões sobre direitos humanos após sua partida. No entanto, fontes americanas afirmaram que o tema foi central durante sua visita.
Mesmo em meio a desafios diplomáticos, a interação de Carter com líderes religiosos e críticos do regime militar marcou um momento significativo na luta por direitos humanos no Brasil. Seu compromisso em ouvir e apoiar essas vozes continua sendo lembrado como um exemplo de liderança ética e compassiva.
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