Em um evento promovido pelo PL Mulher, braço feminino do Partido Liberal, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi o centro das atenções — mas não por acaso. Com Jair Bolsonaro impedido de disputar eleições até 2030, o nome de Michelle começa a ganhar força nos bastidores como uma possível candidata à Presidência em 2026. Apesar do clima de expectativa, nem ela, nem o ex-presidente Bolsonaro, nem o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, tocaram oficialmente no assunto durante o evento.
Michelle discursou exaltando o papel das mulheres na política, mas o que mais chamou atenção foi o silêncio absoluto sobre a deputada Carla Zambelli, a mulher mais votada do partido nas eleições de 2022, que está atualmente foragida da Justiça e refugiada na Itália. Ela teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por envolvimento em ataques ao sistema do CNJ. Mesmo assim, não foi sequer mencionada no evento, o que foi interpretado como um possível distanciamento estratégico do partido.
Durante a cerimônia, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), líder da bancada na Câmara, fez um discurso inflamado em apoio a Michelle, sugerindo que ela poderia, sim, ser a próxima presidente: “Se Deus quiser, vamos conquistar a Presidência da República. Michelle, Deus tem muito para sua vida”. A ex-primeira-dama não confirmou nem negou, mas respondeu de forma simbólica: “Uma mulher sábia edifica sua casa, mas uma multidão de mulheres sábias edificam uma nação”.
Outras lideranças femininas do partido também foram destacadas, como a vereadora Priscila Costa, a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, e a senadora Eudócia Caldas.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro preferiu centrar seu discurso na importância de conquistar o Senado nas próximas eleições, chegando a afirmar que, com maioria na Casa, “mandaremos mais que o próprio presidente”. Ele também mencionou que prestará depoimento ao STF na próxima semana sobre a investigação de tentativa de golpe nas eleições de 2022, mas evitou entrar em detalhes.
