Durante um tenso interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9/6), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, fez revelações surpreendentes sobre o clima nos bastidores do grupo próximo ao ex-presidente. Ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes era frequentemente alvo de críticas, xingamentos e até memes em conversas informais entre aliados de Bolsonaro.
A declaração foi feita no âmbito da audiência que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Questionado pelo advogado Celso Vilardi, defensor de Bolsonaro, se o nome de Moraes foi citado em uma reunião ocorrida em 28 de novembro daquele ano, Cid confirmou e detalhou o teor das menções.
Segundo ele, embora o tom das conversas fosse ofensivo, não havia qualquer planejamento de ações ilegais contra o ministro. “Era conversa de bar”, disse Cid, minimizando o conteúdo. Ele explicou que as ofensas iam desde xingamentos como “esse cara é um desgraçado” até a circulação de figurinhas e memes depreciativos. “Nada de ‘temos que acabar com ele’ ou ‘vamos planejar alguma coisa’, isso nunca existiu”, garantiu.
Em resposta, Moraes reagiu com ironia ao ouvir que era “muito criticado”: “Só? O senhor tem que falar a verdade. Eu tô acostumado, pode falar”, disse, arrancando risos no plenário.
O depoimento de Cid é parte de uma série de audiências promovidas pela Primeira Turma do STF, que investiga articulações antidemocráticas realizadas por aliados do ex-presidente após sua derrota nas urnas.
As revelações acendem ainda mais os holofotes sobre os bastidores do bolsonarismo e a tensão entre o grupo e o Judiciário, especialmente com Moraes, que tem sido figura central nas investigações sobre ataques à democracia.