A deputada federal Carla Zambelli, atualmente foragida da Justiça brasileira, protocolou um pedido urgente à presidência da Câmara dos Deputados para adiar a oficialização da perda de seu mandato. A solicitação foi dirigida ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente em exercício da Casa, numa tentativa de ganhar tempo e reverter os efeitos da condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Zambelli foi sentenciada a 10 anos de prisão pelo envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ação realizada em janeiro de 2023 com o auxílio do hacker Walter Delgatti. A decisão do STF, unânime entre os ministros da Primeira Turma, determinou a cassação automática de seu mandato e a execução imediata da pena. A defesa da parlamentar, agora liderada pelo advogado Fábio Pagnozzi, argumenta que a perda do mandato é um ato político e legislativo, e não deveria ser imposta exclusivamente pelo Judiciário.
No entanto, o STF já rejeitou o último recurso apresentado, encerrando qualquer possibilidade de apelação. Mesmo assim, Zambelli tenta apresentar pessoalmente seus argumentos aos parlamentares antes que a cassação seja oficializada pela Mesa Diretora da Câmara, que ainda pode optar por seguir a decisão do Supremo ou abrir um processo interno.
Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil por via terrestre rumo à Argentina, de onde seguiu para os Estados Unidos e, posteriormente, para a Itália, onde pretende permanecer. A fuga motivou a Procuradoria-Geral da República a solicitar sua prisão, prontamente aceita pelo ministro Alexandre de Moraes. O nome da deputada foi incluído na lista vermelha da Interpol, tornando-a procurada internacionalmente.
Enquanto a Câmara decide seu destino, Carla Zambelli se mantém em solo italiano, alegando que ainda tomará “medidas cabíveis” no STF. A situação levanta questionamentos sobre os limites de atuação dos poderes Legislativo e Judiciário e reacende o debate sobre foro privilegiado e impunidade entre autoridades públicas.