Em um caso chocante que levanta sérias questões sobre o sistema de doação de órgãos nos Estados Unidos, Anthony Thomas Hoover II, então com 33 anos, foi erroneamente declarado com morte cerebral após sofrer uma overdose em 2021, no estado do Kentucky. Enquanto os médicos se preparavam para iniciar o procedimento de retirada de seus órgãos, Hoover despertou em uma maca de hospital, consciente, e começou a se mover e olhar ao redor. Mesmo assim, foi sedado novamente antes que a equipe interrompesse o processo.
Hoje com 36 anos, Hoover vive com sequelas neurológicas graves, incapaz de falar e com mobilidade limitada. A origem dessas sequelas ainda é incerta — podem ter sido causadas pela overdose ou pelo procedimento médico iniciado indevidamente. O caso gerou uma investigação federal conduzida pela Health Resources and Services Administration (HRSA), que identificou falhas sistêmicas preocupantes.
Filmagens do hospital mostraram que TJ, como é conhecido, chorou, mexeu as pernas e balançou a cabeça durante os preparativos para a retirada de seus órgãos — sinais ignorados pela equipe médica. A investigação revelou que, nos últimos quatro anos, pelo menos 73 pacientes nos EUA apresentaram sinais de melhora neurológica após terem a morte cerebral declarada, mas mesmo assim os procedimentos de doação continuaram. Alguns desses pacientes demonstraram dor ou angústia, e alguns chegaram a sobreviver.
A HRSA apontou falhas graves, como a desconsideração dos efeitos de sedativos e drogas no diagnóstico de morte cerebral. O caso de TJ Hoover agora segue para a Justiça americana e reacende o debate sobre a ética e os protocolos em torno da doação de órgãos, especialmente em pacientes com histórico de overdose.
A irmã de Hoover, LaDonna, hoje sua cuidadora principal, comemorou o avanço da investigação como uma “pequena vitória”, mas alertou: “Temos que mudar este sistema. Eles queriam fazer o procedimento de qualquer forma.”