Durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizou um momento inusitado: em tom de brincadeira, convidou o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice na eleição presidencial de 2026. A atitude, feita com autorização prévia para “fazer uma piada”, arrancou risadas no plenário, inclusive do próprio Moraes, que respondeu com um seco e irônico “declino”.
Apesar do clima descontraído, a fala não repercutiu bem entre os aliados bolsonaristas. Nos bastidores, lideranças do grupo político avaliam que a brincadeira foi um erro estratégico, especialmente em um momento delicado em que Bolsonaro responde como réu por tentar subverter a ordem democrática. A crítica principal é que o gesto pode soar desrespeitoso para os familiares dos presos pelos atos do 8 de Janeiro, muitos dos quais foram detidos por ordem do próprio Moraes.
Além disso, parlamentares próximos ao ex-presidente temem que o tom amistoso adotado por Bolsonaro — e também por outros réus — em relação ao ministro do STF possa ser interpretado como fraqueza política. Para eles, isso apenas fortalece a imagem de Moraes e não trará qualquer benefício jurídico aos envolvidos nos processos.
O convite, ainda que feito em tom de brincadeira, acirrou os ânimos dentro do campo bolsonarista, que já vê o inquérito como um “jogo de cartas marcadas”. Muitos consideram que as chances de absolvição de Bolsonaro e dos demais réus são mínimas, independentemente da postura adotada durante os interrogatórios.
Até o momento, Bolsonaro não comentou publicamente as críticas internas. O episódio, no entanto, revela o quanto o ex-presidente ainda consegue gerar polêmica — mesmo quando tenta fazer humor em meio a um dos processos mais graves de sua trajetória política.
