Durante visita a Minas Gerais nesta quinta-feira (12/6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizou um discurso inflamado e recheado de alfinetadas políticas. Em evento de entrega de equipamentos agrícolas em Contagem, Lula não poupou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ironizando seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF). Sem citar nomes, chamou o ex-mandatário de “covardão” e afirmou que ele “quase se borrava” durante o depoimento, com “lábios secos”, numa clara tentativa de desmoralizar o adversário.
Além de Bolsonaro, Lula voltou suas críticas à ala bolsonarista de Minas Gerais, atacando diretamente o deputado Nikolas Ferreira (PL/MG), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos/MG) e o governador Romeu Zema (Novo). Segundo o presidente, esses políticos “vivem no celular falando bobagens” e não representam a grandeza do estado mineiro. Ao mesmo tempo, exaltou Rodrigo Pacheco (PSD/MG), presidente do Senado, como possível nome para disputar o governo estadual em 2026, insinuando apoio ao gritos de “governador” vindos da plateia.
O presidente também aproveitou o palanque para desferir duras críticas à mineradora Vale, responsabilizando antigas gestões pela morosidade nas reparações do desastre de Mariana, ocorrido em 2015. “Se a Vale fosse uma pessoa, estaria no fundo do inferno”, disparou. Apesar disso, elogiou a atual diretoria da empresa, dizendo que tem se mostrado mais aberta ao diálogo. Lula anunciou novos investimentos no acordo de reparação da Bacia do Rio Doce, reconhecendo que o governo federal agora também compartilha a responsabilidade pela reconstrução das áreas afetadas.
A cidade de Mariana, epicentro da tragédia, recusou os termos do novo acordo, que previa R$ 1,3 bilhão dos R$ 6,1 bilhões destinados a 49 municípios. A recusa se deve à insatisfação com o valor e à existência de uma ação bilionária contra a BHP em Londres. Lula reconheceu os desafios, mas reafirmou o compromisso do governo com a população atingida.