Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, protagonizou uma cena inusitada e constrangedora ao repreender publicamente seu próprio advogado, Andrew Farias. A audiência, transmitida em rede nacional pela TV Justiça, gerou forte repercussão entre juristas e advogados que acompanham o caso da suposta tentativa de golpe de Estado.
Tudo aconteceu quando Farias começou a questionar o general sobre uma reunião ministerial ocorrida em dezembro de 2022, após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições. Antes mesmo da pergunta ser concluída, Nogueira o interrompeu de forma ríspida: “Vai perguntar sobre a reunião, cara?”. Em seguida, visivelmente irritado, completou: “Você não combinou comigo [de perguntar sobre a reunião], mas tudo bem”.
A atitude foi amplamente criticada nos bastidores do julgamento. Advogados de outros réus comentaram que, se tivessem sido tratados da mesma forma, teriam abandonado a defesa no ato. Os adjetivos mais usados para descrever o comportamento de Nogueira foram “indelicado, deselegante e grosseiro”.
Nas redes sociais, usuários também se manifestaram, apontando que há clientes que, mesmo oferecendo altos honorários, não valem o desgaste profissional. A percepção geral é de que o general quis demonstrar firmeza e independência, tentando passar a imagem de que não havia ensaiado respostas com a defesa.
Além do episódio constrangedor, Nogueira é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter colaborado com Bolsonaro na elaboração da chamada “minuta do golpe”, documento que teria sido apresentado a comandantes das Forças Armadas. Ele também teria buscado formas de desacreditar as urnas eletrônicas, alimentando a desconfiança da população no sistema eleitoral.
O episódio, além de expor a tensão entre réu e defensor, lança ainda mais luz sobre os bastidores do julgamento que investiga uma possível tentativa de ruptura democrática no país.
