Em mais um capítulo tenso da trama política que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o pedido da defesa do ex-mandatário para anular a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A defesa alegava que mensagens atribuídas a Cid em uma conta no Instagram comprometeriam a legalidade do acordo firmado com a Justiça.
Os advogados de Bolsonaro sustentam que Cid teria sido pressionado a delatar e que não agiu de forma voluntária. Além disso, apontam que o militar usou redes sociais para criticar os investigadores e expor detalhes do acordo, o que, segundo eles, colocaria em xeque a validade da delação.
No entanto, Moraes foi categórico ao afirmar que o momento processual atual “é absolutamente inadequado” para esse tipo de contestação, mantendo assim a validade do acordo. Ele também destacou que Mauro Cid, em depoimento ao STF, negou ter sofrido qualquer tipo de coação ou pressão para colaborar com as investigações.
O caso está inserido no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Tanto o ex-presidente quanto Cid são réus no Supremo por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e golpe de Estado.
Desde que firmou o acordo de delação em 2023, Mauro Cid já alterou sua versão dos fatos pelo menos cinco vezes, o que levanta dúvidas sobre sua credibilidade, mas também reforça a complexidade e o impacto das informações que ele tem fornecido às autoridades.
A decisão de Moraes representa um duro revés para Bolsonaro, que tenta descredibilizar as provas reunidas contra ele e seus aliados. Com a delação mantida, o cerco jurídico sobre o ex-presidente se estreita ainda mais, e novos desdobramentos podem surgir a qualquer momento.