Huanna Castro, enfermeira aposentada de 34 anos e mãe de duas crianças, foi diagnosticada em 2022 com neuralgia do trigêmeo, uma condição neurológica considerada uma das mais dolorosas do mundo. Moradora de Ananindeua, no Pará, ela convive com crises intensas e imprevisíveis que mudaram completamente sua vida pessoal e profissional.
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Os primeiros sintomas surgiram durante uma noite de agosto. “Eu estava dormindo com meu filho, que estava prestes a completar um ano, na casa dos meus pais. Acordei com um choque fortíssimo no rosto. Tentei ligar para minha mãe, que estava no quarto ao lado, mas nem conseguia falar. Ela veio ver o que houve, mas eu não conseguia abrir a boca para responder”, recordou em entrevista à Crescer.
“É um choque intenso no maxilar e mandíbula, que irradia para os dentes e ouvido. Durante as crises, o lado direito do meu rosto parece em brasa, como se estivesse queimando. Além disso, meu pescoço e ombro ficam extremamente tensionados. São choques seguidos, insuportáveis, com sensação de queimar por dentro”, completou.
Depois de repetidas idas à urgência e exames inconclusivos, um neurologista suspeitou da neuralgia. “Ele confirmou o diagnóstico clinicamente, com base nos meus relatos e na resposta positiva à medicação”, explicou Huanna, que até então nunca havia atendido um paciente com esse quadro, mesmo sendo da área da saúde.
Desde então, ela já tentou diversos tratamentos, incluindo três cirurgias, uma delas com complicações graves. “Fiquei 14 dias entubada, sem responder”, contou. Durante o processo, desenvolveu hidrocefalia, embolia pulmonar, perda parcial da visão e da audição e chegou a ter paralisia facial e dos movimentos do lado direito do corpo.
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Em 2024, passou a fazer um novo protocolo com medicações injetáveis fortes, aplicadas duas vezes por semana em ambiente hospitalar. “Diante da falha dos tratamentos orais, iniciei uma terapia com medicações injetáveis fortes, duas vezes por semana, em ambiente hospitalar com monitoramento. Estou há dois meses nesse protocolo e, embora ainda sinta dor, as crises diminuíram bastante em frequência e intensidade. Com a orientação médica, ajusto as doses conforme os primeiros sinais, o que tem ajudado muito”, afirmou.
Apesar dos avanços, o impacto da doença é profundo. Huanna precisou se afastar da profissão, foi aposentada por invalidez e se mudou com os filhos para a casa da mãe. “Me sinto extremamente frustrada e, em muitos momentos, culpada. Precisei abrir mão de muita coisa: minha profissão, minha casa, minha rotina com os filhos, meu relacionamento. Abandonei uma carreira que amava porque a dor e os efeitos colaterais das medicações me impediam de exercer com excelência”, disse.
Hoje, com apoio da família e acompanhamento especializado, ela segue enfrentando as limitações impostas pela condição. “Tudo isso me afeta profundamente como mãe e como mulher, mas sigo buscando formas de me reerguer, com dignidade, coragem e amor pelos meus filhos”, declarou.
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