Em uma medida que intensifica a tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou nesta sexta-feira (18/7) a revogação imediata dos vistos do ministro Alexandre de Moraes, de seus aliados no Supremo Tribunal Federal (STF) e de seus familiares próximos. A decisão foi divulgada nas redes sociais e justificada como resposta à “caça às bruxas política” promovida por Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Rubio acusou o magistrado de liderar uma ofensiva autoritária que extrapola os limites do Brasil, atingindo inclusive cidadãos e empresas norte-americanas. A medida se baseia na Seção 212(a)(3)(C) da Lei de Imigração e Nacionalidade dos EUA, que permite barrar estrangeiros cuja presença possa prejudicar a política externa americana.
O episódio ocorre em meio à decisão do STF de impor tornozeleira eletrônica e censura nas redes sociais a Bolsonaro. Moraes, relator do caso, afirmou que o ex-presidente e seu filho, Eduardo Bolsonaro, incentivaram os EUA a aplicar sanções contra o Brasil, o que configura, segundo o ministro, “gravíssima agressão estrangeira” e possível atentado à soberania nacional.
Além disso, Moraes tem sido alvo de críticas por parte de parlamentares e empresas americanas, como a Rumble e a Truth Social (de Donald Trump), que o acusam de censura após decisões judiciais que impactaram plataformas digitais nos EUA. As empresas chegaram a processar Moraes na Justiça da Flórida.
A Primeira Turma do STF formou maioria para manter as medidas contra Bolsonaro, e a Polícia Federal realizou buscas em sua residência e escritório, com apoio da Procuradoria-Geral da República. Moraes afirmou que as ações do ex-presidente visam criar uma crise econômica e diplomática para pressionar o Judiciário brasileiro.
O gesto de Rubio é visto por analistas como uma retaliação direta à atuação de Moraes e um recado claro da administração Trump, que já havia sinalizado sanções com base na Lei Global Magnitsky. A crise entre os dois países se agrava e coloca em xeque a independência do Judiciário brasileiro diante de pressões internacionais.