O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente, neste sábado (19/7), a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar os vistos de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), classificada por ele como “arbitrária” e “injustificável”. Lula afirmou que a medida contraria princípios internacionais de soberania e expressou solidariedade aos magistrados afetados.
A revogação foi anunciada na noite anterior pelo senador Marco Rubio, que atua como secretário de Estado no governo de Donald Trump, por meio da rede social X (antigo Twitter). A ação foi interpretada como uma retaliação às investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes é relator de inquéritos no STF que apuram suposta tentativa de golpe de Estado liderada por Bolsonaro.
Rubio justificou a medida alegando que Moraes estaria promovendo uma “perseguição política” e violando a liberdade de expressão, inclusive de cidadãos norte-americanos. Ele afirmou ainda que o ex-presidente Trump pretende responsabilizar estrangeiros envolvidos em atos de censura que atinjam direitos protegidos nos Estados Unidos.
Em resposta, Lula declarou que “a ingerência de um país no sistema de Justiça de outro é algo inaceitável e viola os fundamentos do respeito entre nações soberanas”. O presidente também destacou que “nenhuma forma de intimidação, venha de onde vier, será capaz de abalar o compromisso das instituições brasileiras com a preservação do Estado Democrático de Direito”.
A decisão dos EUA gerou forte repercussão e contribui para o aumento da tensão diplomática entre os dois países, em um momento já delicado na política brasileira, com o Judiciário no centro de investigações envolvendo figuras de destaque do bolsonarismo. A medida também reacende o debate sobre os limites da atuação internacional em temas internos de outros países, especialmente quando envolvem questões sensíveis como a liberdade de expressão e a independência dos poderes.