A nova novela das seis da Globo, “Êta Mundo Melhor!”, é apresentada como uma continuação de “Êta Mundo Bom!”, sucesso anterior de Walcyr Carrasco. No entanto, uma análise mais atenta revela que a produção funciona, na prática, como um remake disfarçado. Apesar de mudanças nos nomes dos personagens e no tempo em que a trama se passa, a estrutura narrativa, os conflitos centrais e até os tipos de personagens seguem praticamente os mesmos moldes da versão original.
O enredo gira em torno da busca por laços familiares perdidos. Se antes Candinho (Sergio Guizé) procurava sua mãe, agora o foco está no reencontro entre pai e filho: o novo protagonista tenta localizar Samir (Davi Malizia), seu filho sequestrado, enquanto o garoto também sonha em encontrar o pai.
A reciclagem se estende aos personagens secundários. Araújo (Flávio Tolezani), que anteriormente aplicava um golpe para tratar o filho com poliomielite, agora repete a motivação, desviando dinheiro da empresa com a ajuda de Celso (Rainer Cadete) para financiar tratamento no exterior. O professor Pancrácio, vivido por Marco Nanini, dá lugar a Asdrúbal (Luís Miranda), igualmente excêntrico e sábio. Maria (Bianca Bin), a mocinha que incentivava a redenção de Celso, é substituída por Estela (Larissa Manoela), com função idêntica.
O núcleo dos vilões também segue a cartilha do original. Sandra (Flávia Alessandra), a vilã marcante da primeira versão, é substituída por Zulma (Heloísa Périssé), que assume o papel de antagonista com características semelhantes: cruel, manipuladora e carismática.
Walcyr Carrasco não esconde a fórmula: “Êta Mundo Melhor!” é uma reedição com leves alterações para parecer inédita. Em um cenário televisivo dominado por remakes e universos expandidos, a emissora opta por uma abordagem segura, embora pouco inovadora. Resta saber se o público aceitará essa reciclagem como uma nova história e se a novela conseguirá alcançar o mesmo sucesso de sua antecessora.