Aos 6 anos, um acidente doméstico mudou para sempre a vida de J.R. McCarty. O garoto de Hawthorne, Nevada, sofreu queimaduras graves em grande parte do corpo e passou meses internado. Hoje, ele transformou a própria história em exemplo de superação se tornando bombeiro e dedicando a vida a apoiar crianças vítimas de queimaduras.
O acidente aconteceu em 1992. McCarty foi levado ao Shriners Hospital, no Texas, onde permaneceu em coma induzido por dois meses. No total, foram 12 meses de internação, 58 cirurgias e dezenas de enxertos de pele. “Foi absolutamente aterrorizante. Eu não entendia nada, só sabia que quando via um médico, vinha dor”, relembrou.
Ao voltar à escola, aos 8 anos, enfrentou outro desafio. As cicatrizes pelo rosto e pelo corpo viraram alvo de bullying. “Me chamavam de monstro, de Freddy Krueger. O que me manteve firme foi o amor da minha família, especialmente dos meus irmãos. Não sei o que teria feito sem eles”, contou.
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Durante anos, McCarty viveu com medo e insegurança. “Depois do acidente, eu vivia em um estado constante de incerteza. Me diziam que eu era um risco e comecei a acreditar nisso”, afirmou. A virada aconteceu em 2011, quando, de forma inesperada, decidiu se candidatar a uma vaga no corpo de bombeiros em Washington: “Pensei que, se conseguisse ser bombeiro, provaria para mim e para o mundo que eu poderia fazer qualquer coisa”.
Aceito no processo, McCarty encarou 12 semanas de treinamento intenso. Uma das etapas incluía um exercício com fogo real. “Quando vi as chamas, senti como se tivesse 6 anos de novo. Fiquei paralisado. Mas foi ali que percebi: o fogo não controla minha vida. Por que deixar o medo controlar?”, recordou.
Em julho de 2012, após concluir o curso, McCarty conquistou o respeito dos colegas e da comunidade. Com parte dos dedos e polegares perdidos no acidente, precisou aprender novas técnicas para vestir o uniforme e manejar os equipamentos. “Estar em público com a farda sempre atraía olhares, uma mistura de surpresa e admiração”, disse.
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Após dois anos atuando como bombeiro, ele decidiu seguir também por outro caminho, apoiando crianças que passaram pelo que ele viveu. McCarty ingressou no programa Camp Phoenix, da Burned Children Recovery Foundation, em Washington. “O fogo roubou minha infância. Queria dar a essas crianças a chance de serem apenas crianças, nem que fosse por um tempo”, afirmou.
Atualmente, McCarty planeja criar sua própria fundação para financiar projetos que ofereçam suporte a sobreviventes de queimaduras. “Vai dar muito trabalho, mas poder ajudar quem sofreu como eu faz tudo valer a pena”, declarou.
Mesmo após décadas, as cicatrizes físicas e emocionais permanecem. Mas hoje, ao olhar para trás, McCarty enxerga mais que dor. “Eu queria que as pessoas vissem além das marcas. Queria que vissem força. O acidente tirou muita coisa de mim, mas me deu a chance de mostrar que é possível recomeçar”, finalizou.
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