Um novo estudo liderado pelo pesquisador brasileiro Cicero Moraes reacende o debate sobre a autenticidade do Sudário de Turim, tradicionalmente considerado por muitos como o pano que envolveu o corpo de Jesus após a crucificação. Utilizando tecnologia de modelagem 3D, Moraes comparou digitalmente como um tecido se comporta ao cobrir um corpo humano real e uma escultura em baixo-relevo. O resultado surpreendeu: a imagem gerada ao simular o tecido sobre a escultura correspondeu com muito mais precisão às fotografias históricas do sudário do que a simulação com um corpo humano.
Segundo Moraes, a nitidez e definição da imagem no sudário são mais compatíveis com uma técnica em que o tecido foi pressionado contra uma superfície de baixo-relevo pigmentada ou aquecida apenas em seus pontos salientes. Essa hipótese sugere que artistas da Idade Média poderiam ter criado a imagem com métodos artísticos e tecnológicos da época.
A pesquisa, publicada na revista científica Archaeometry, oferece uma explicação técnica para a origem do sudário, alinhando-se com a datação por carbono-14 realizada em 1988, que situou a confecção do tecido entre 1260 e 1390 d.C. Essa análise já havia colocado em dúvida a autenticidade do artefato como relíquia do século I.
Embora Moraes reconheça a possibilidade remota de o sudário ter sido moldado diretamente sobre um corpo humano, sua análise indica que a hipótese da escultura é mais consistente com as evidências visuais e técnicas disponíveis. A descoberta reforça a tese de que o Sudário de Turim pode ser uma criação artística medieval, e não uma relíquia sagrada da época de Cristo.