
Em outubro de 2017, um fenômeno atmosférico sem precedentes ocorreu sobre os Estados Unidos: um raio de 829 quilômetros cruzou os céus entre Texas e Kansas City, tornando-se o mais longo já registrado na história. O evento passou despercebido por anos até ser identificado por satélites meteorológicos avançados, como o GOES-16, operado pela NOAA. A confirmação do recorde só veio após uma reanálise dos dados com novas ferramentas tecnológicas, sendo oficialmente reconhecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 2025.
Diferente dos relâmpagos comuns, esse “mega-relâmpago” foi gerado por um Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM), um enorme complexo de tempestades capaz de sustentar descargas elétricas horizontais por centenas de quilômetros. Esses sistemas criam o ambiente ideal para que a eletricidade viaje longas distâncias dentro das nuvens, sem necessariamente tocar o solo.
A magnitude do fenômeno não é apenas uma curiosidade científica, mas um alerta sobre os riscos invisíveis que raios desse tipo representam. Mesmo sem causar danos registrados, um raio tão extenso pode representar perigo para aeronaves e pessoas em regiões aparentemente calmas, mas eletricamente conectadas a tempestades distantes.
Além de ampliar o conhecimento sobre os limites da atmosfera, a descoberta reforça a importância da tecnologia espacial na vigilância climática. Também destaca a necessidade de manter precauções diante de qualquer sinal de tempestade elétrica. A OMM já documentou outros eventos extremos, como o raio mais duradouro, com 17,1 segundos, ocorrido sobre Uruguai e Argentina.
O raio recordista de 829 km é um testemunho do poder oculto da natureza e da importância de continuarmos investindo em monitoramento e conscientização para reduzir os riscos associados a esses fenômenos.