Uma antiga tradição sul-africana chamada Ulwaluko, que marca a transição de meninos para a vida adulta por meio de rituais de iniciação com circuncisão, resultou na morte de pelo menos 39 jovens durante a temporada de 2025. O número alarmante de vítimas expõe os riscos associados às chamadas “escolas de iniciação”, muitas das quais operam ilegalmente e sem qualquer supervisão médica adequada.
O Ulwaluko é conduzido em locais isolados, longe das aldeias, onde apenas anciãos e os jovens iniciados têm acesso. Nessas escolas clandestinas, práticas anti-higiênicas, uso de instrumentos não esterilizados e ausência de cuidados médicos são comuns, o que frequentemente leva a infecções, hemorragias e até mutilações. Em 2024, por exemplo, o governo sul-africano registrou 94 mortes e 11 amputações relacionadas ao ritual. Nos últimos cinco anos, 361 jovens perderam a vida nessas circunstâncias.
Autoridades locais, como Athol Trollip, do partido ActionSA, responsabilizam diretamente essas escolas ilegais, muitas vezes dirigidas por pessoas sem qualquer qualificação ou experiência. A pressão cultural para participar do ritual é intensa, e os jovens que se recusam enfrentam estigmatização, sendo chamados de “Inkwenkwe” — termo pejorativo que os mantém em um status social inferior.
Diante da crescente indignação pública, o governo prometeu agir. O ministro da Governação Cooperativa e Assuntos Tradicionais, Velenkosini Hlabisa, anunciou medidas para responsabilizar as instituições ilegais e fechá-las imediatamente caso coloquem vidas em risco. A meta é reduzir pela metade o número de escolas clandestinas, atualmente estimado em 429, até 2029.
Apesar dos esforços governamentais, o desafio permanece: equilibrar o respeito pela tradição cultural com a proteção da vida e da saúde dos jovens. Enquanto isso, o Ulwaluko continua sendo um rito de passagem marcado por tragédias evitáveis e pela urgência de regulamentação mais eficaz.