Uma doença rara e perturbadora está afetando populações de coelhos nos Estados Unidos, transformando os animais em figuras assustadoras, com crescimentos semelhantes a chifres ou tentáculos em seus rostos. A causa é o vírus do papiloma do coelho de cauda branca, conhecido como vírus de Shope (CRPV), um vírus oncogênico que provoca tumores cutâneos, especialmente na cabeça.
Transmitido por insetos como mosquitos e carrapatos, o vírus penetra na pele dos coelhos e gera verrugas duras e córneas que podem se assemelhar a garras ou chifres. Além do aspecto grotesco, os tumores podem causar sérios problemas de saúde: quando crescem próximos aos olhos, podem levar à cegueira; se obstruírem a boca, impedem o animal de se alimentar e beber, resultando em sofrimento extremo e até morte por fome ou desidratação.
A transmissão ocorre tanto por vetores quanto por contato direto entre coelhos ou por meio de objetos compartilhados, como comedouros e camas. Embora alguns coelhos consigam sobreviver e até ver os tumores regredirem após cerca de um ano, outros não têm a mesma sorte.
As autoridades ambientais, como o Colorado Parks and Wildlife (CPW), monitoram a situação e recomendam a eutanásia apenas em casos extremos, quando o bem-estar do animal está claramente comprometido. Apesar de não haver risco para humanos, o contato com coelhos infectados deve ser evitado.
Curiosamente, essa condição pode ter dado origem à lenda americana do jackalope — uma criatura folclórica descrita como um coelho com chifres de antílope. A semelhança entre coelhos infectados e as representações do jackalope é tão grande que pesquisadores como Suzanne Peurach, do US Geological Survey, acreditam que a lenda pode ter se originado a partir de casos reais de infecção pelo vírus de Shope.
O fenômeno, embora trágico, oferece uma explicação científica para um mito popular, revelando como a natureza pode, às vezes, ser ainda mais estranha do que a ficção.