A Rússia anunciou o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer, que, segundo o Ministério da Saúde do país, começará a ser distribuída gratuitamente a pacientes a partir deste ano. O imunizante utiliza a tecnologia mRNA, a mesma usada nas vacinas contra a Covid-19 da Pfizer e Moderna, e seria personalizado para cada paciente.
De acordo com informações do Centro Nacional de Pesquisa Médica Radiológica, ligado ao ministério russo, a formulação é feita a partir da análise genética do tumor de cada paciente. “Com base na análise genética do tumor de cada paciente, é criada uma vacina única que pode ‘ensinar’ o sistema imunológico a reconhecer células cancerígenas”, diz o site do centro.
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Alexander Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, afirmou em entrevista que os testes pré-clínicos indicaram potencial para suprimir o crescimento de tumores e metástases.
Apesar do anúncio, não há até o momento publicações em revistas científicas que confirmem a eficácia e a segurança da vacina. Também não foi esclarecido para quais tipos de câncer ela será destinada, nem se a distribuição gratuita fará parte de um programa de tratamento ou de testes clínicos.
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Especialistas brasileiros alertam para a falta de dados revisados por pares. “Se a gente faz uma busca no meio científico sobre a vacina mRNA russa, não achamos publicações mostrando dados. Não identificamos uma vacina que esteja sendo feita por grupo russo que mostre resultados promissores para a oncologia”, afirma Mariana Brait, gerente sênior de pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center, ao G1.
Ela ressalta que a revisão por pares é um passo fundamental para validar descobertas médicas. “Quando fazemos uma divulgação sem ter a publicação científica, sem a revisão por pares, criamos uma falta de transparência e a sociedade fica naquela situação de dúvida, se o que está sendo divulgado é sério. Quando vemos um anúncio que não está baseado em dados científicos, temos a sensação de desserviço”, acrescenta.
O desenvolvimento de vacinas contra o câncer segue em andamento em diversos países. Pesquisadores em Londres testam uma fórmula experimental contra o melanoma, considerado o tipo mais agressivo de câncer de pele. Nos Estados Unidos, uma vacina criada por pesquisadores brasileiros é estudada como possibilidade para combater o câncer de próstata.
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