O presidente argentino Javier Milei foi alvo de um ataque com pedras e garrafas durante uma carreata em Lomas de Zamora, na região metropolitana de Buenos Aires. O evento, promovido pelo partido governista La Libertad Avanza, foi interrompido imediatamente após a confusão, que deixou ao menos uma fotógrafa ferida. Milei estava acenando para apoiadores na caçamba de uma picape quando o tumulto começou. O deputado José Luis Espert, que o acompanhava, deixou o local em uma motocicleta, sem capacete.
Nas redes sociais, Milei culpou militantes kirchneristas pelo ataque e afirmou que a oposição recorre à violência por falta de propostas. O governo reagiu com críticas duras: o ministro da Defesa, Luis Petri, classificou a ação como “violência e atraso”, enquanto o secretário de Cultura, Leonardo Cifelli, chamou os agressores de “desequilibrados”. O partido La Libertad Avanza divulgou uma nota oficial acusando a oposição de não ter argumentos e de recorrer à violência por saber que seu sistema político chegou ao fim.
O episódio ocorre em um momento crítico para o governo. Faltando dois meses para as eleições legislativas de outubro, a popularidade de Milei está em queda — caiu de mais de 50% no início do mandato para 41%, segundo pesquisas recentes. A gestão enfrenta ainda denúncias de corrupção, como os áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência e amigo pessoal de Milei. Nas gravações, ele acusa Karina Milei, irmã e secretária-geral da Presidência, de receber propina em contratos de medicamentos, com conhecimento do presidente.
Além disso, a polêmica envolvendo a criptomoeda $Libra, promovida por Milei e que gerou prejuízos a milhares de investidores, e denúncias sobre entrada irregular de empresários no país também abalaram a imagem do governo. A proximidade das eleições legislativas e da disputa pelo governo da província de Buenos Aires, marcada para setembro, aumenta a tensão política e será um teste decisivo para a força eleitoral de Milei e sua agenda de austeridade.