
Um caso inusitado de assédio moral no ambiente de trabalho chamou a atenção em Edimburgo, na Escócia, ao resultar em uma indenização de 31 mil dólares (cerca de R$ 170 mil) para Maureen Howieson, auxiliar de dentista com mais de 40 anos de experiência. A profissional alegou ter sido vítima de comportamento hostil por parte da colega Jisna Iqbal, terapeuta dentária formada na Índia, mas ainda sem licença para atuar como dentista no Reino Unido.
Devido à artrite, Howieson foi transferida para a recepção da clínica Great Junction Dental Practice, onde passou a dividir tarefas com Iqbal. Segundo relatos, a relação entre as duas rapidamente se deteriorou. Howieson afirmou que a colega revirava os olhos durante conversas, recusava-se a realizar tarefas básicas e se comportava de maneira desrespeitosa. Uma das dentistas da clínica confirmou as acusações, relatando que Iqbal se negava a limpar áreas da clínica antes de inspeções sanitárias, alegando que seu diploma a isentava dessas funções.
O clima de tensão culminou em setembro de 2024, quando Howieson sofreu um ataque de pânico no trabalho e passou a relatar sentimentos de humilhação, dizendo sentir-se reduzida a uma “simples faxineira”. Ela acabou deixando o emprego, alegando não ter condições de continuar num ambiente hostil.
O tribunal escocês concluiu que houve falhas por parte da direção da clínica, especialmente do proprietário, Dr. Fary Johnson Vithayathil, que já tinha conhecimento de problemas anteriores com Iqbal, mas não tomou providências. O juiz Ronald Mackay considerou que houve violação do contrato de trabalho e caracterizou a saída de Howieson como uma demissão construtiva injusta.
Apesar de Iqbal negar todas as acusações, a decisão final determinou o pagamento da indenização à auxiliar. O caso evidencia como a negligência diante de conflitos interpessoais no trabalho pode resultar em sérias consequências legais e financeiras para as empresas.