O paraense Glebson Tunio Costa Fernandes realizou o sonho de se tornar universitário e celebrou em grande estilo: em cima de sua carroça, pelas ruas de Soure, no arquipélago do Marajó. Ribeirinho e trabalhador desde a infância, ele conquistou vagas em duas das principais universidades públicas do Pará, a Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de Licenciatura Integral em Ciências, Matemática e Linguagens, e a Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Ciências Biológicas.
“Sou carroceiro e calouro! O estudo é o único caminho para um futuro mais digno”, declarou orgulhoso.
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A aprovação coroou uma rotina intensa. Glebson iniciava o dia às 1h30 da madrugada, quando saía para transportar objetos e recolher sucata. Pela manhã, frequentava as aulas de Agropecuária na Escola de Ensino Técnico do Pará (EETEPA). À tarde, voltava ao trabalho como carroceiro, e à noite, às 19h, seguia para o cursinho popular Pé de Chinelo, onde se preparava para o vestibular. “Dormia menos de 5 horas por noite, mas valeu a pena. Eu quero ser um exemplo de dedicação e de superação, sobretudo para os meus filhos”, contou ao G1.
Pai de três filhos e responsável também por três enteados, Glebson vive com a família em Soure e recebe auxílio do Bolsa Família. O trabalho como carroceiro, herdado do pai, rende menos que um salário mínimo por mês. “Esse trabalho é uma das poucas opções que eu tenho aqui, e como sou chefe de família, tenho que insistir nisso. Mas não recomendo para ninguém, por isso incentivo meus filhos a estudarem”, afirmou.
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A conquista não veio sem tropeços. Em 2023, ele tentou o vestibular pela primeira vez, mas não conseguiu aprovação. “Foi um fiasco, fiquei muito frustrado. Mas esse fiz diferente, e o cursinho foi fundamental. Meus professores nunca desistiram de mim”, disse.
O cursinho Pé de Chinelo, criado pelo professor José Pantoja para ser acessível a trabalhadores da região, tem se destacado pela taxa de aprovação. “O cursinho Pé de Chinelo foi criado para ser bem baratinho, ser acessível, por isso o nome. Foi criado para democratizar a aprovação do vestibular. Em 2025, batemos nosso recorde de aprovação!”, comemorou o professor.
Hoje, Glebson celebra a conquista como o primeiro universitário da família. “Ter passado duas vezes foi uma conquista que eu nem imaginava. Agradeço demais a Deus, aos meus professores e à minha família”, declarou emocionado.
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