No início do século XX, a febre amarela ainda era um mistério mortal, com sintomas intensos como febre, icterícia e falência de órgãos. Foi nesse contexto que o médico norte-americano Jesse William Lazear, integrante da Comissão da Febre Amarela do Exército dos EUA, desempenhou um papel crucial na comprovação da teoria de que mosquitos eram os vetores da doença.
Inspirado pela hipótese do médico cubano Carlos Finlay, Lazear viajou a Cuba em 1900 para aprofundar os estudos sobre a transmissão da febre amarela. Com experiência em experimentos com mosquitos, ele decidiu realizar um teste extremo: permitiu ser picado por um mosquito infectado, acreditando estar próximo da descoberta do “germe verdadeiro”.
A experiência foi fatal. Dias após a picada, Lazear apresentou sintomas graves da doença e morreu em 25 de setembro de 1900, aos 34 anos. Inicialmente, acreditava-se que sua morte fora acidental. Contudo, em 1947, o médico Phillip S. Hench descobriu registros que confirmavam que Lazear havia se oferecido como cobaia de forma deliberada.
Mais de um século depois, o canal Zack D. Films recriou em vídeo os últimos dias do médico, ilustrando o avanço dos sintomas até sua morte. A simulação serve como homenagem e alerta sobre os riscos enfrentados por cientistas em nome do progresso.
O sacrifício de Lazear foi fundamental para validar a teoria de Finlay, permitindo o avanço de medidas de controle da doença e, posteriormente, o desenvolvimento da vacina 17D, criada por Max Theiler em 1937. Essa vacina, com eficácia vitalícia, salvou milhões de vidas e consolidou o legado de pesquisadores como Lazear na luta contra a febre amarela.