João Appolinário, CEO da Polishop e conhecido por sua participação no programa “Shark Tank Brasil”, está no centro de uma complexa investigação judicial que envolve a ocultação de patrimônio por meio de fundos de investimento da Faria Lima. A varejista entrou em recuperação judicial em 2024, com dívidas acumuladas de R$ 395 milhões, e desde então bancos e credores tentam localizar bens do empresário.
Inicialmente, apenas uma lancha e uma moto foram encontrados em nome de Appolinário. No entanto, investigações revelaram que ele teria transferido milhões de reais para fundos estruturados de forma a ocultar a titularidade dos recursos. Esses fundos, apelidados de “caixa-preta”, dificultam o rastreamento dos verdadeiros donos do dinheiro e são usados tanto por grandes devedores quanto por organizações criminosas para blindar patrimônios.
Um levantamento identificou 177 fundos com características suspeitas — como ausência de auditoria e estrutura com poucas camadas de investidores — que juntos somam R$ 55 bilhões. Dentre eles, há fundos ligados a Appolinário, como o fundo Multiplica, que recebeu R$ 15 milhões em imóveis do empresário mesmo após ele já estar endividado, e o fundo GAD, que comprou créditos da Polishop e passou a ter poder de voto na recuperação judicial da empresa.
A Justiça determinou que a administradora dos fundos, a Planner, revelasse se Appolinário é cotista, o que foi negado. Contudo, diante da pressão dos bancos, o juiz autorizou que os credores tivessem acesso à lista de cotistas, decisão que foi posteriormente suspensa. A Planner já foi alvo de ações por improbidade administrativa no passado, mas nega qualquer irregularidade atual.
As empresas envolvidas — Polishop, Planner, Multiplica e Singulare — afirmam seguir as normas legais e que os processos ainda estão em andamento. A defesa de Appolinário não comentou o caso.
O episódio expõe como estruturas financeiras sofisticadas podem ser utilizadas para dificultar a ação da Justiça e proteger grandes patrimônios, mesmo em meio a processos de recuperação judicial.