A Donzela de Ferro, frequentemente retratada como um dos instrumentos de tortura mais cruéis da Idade Média, pode nunca ter existido de fato no período medieval. Embora amplamente conhecida como um caixão de ferro com pontas afiadas que perfuravam lentamente suas vítimas, historiadores afirmam que a primeira menção documentada ao artefato só surgiu em 1802 — muito depois do fim da Idade Média.
Segundo a especialista em história medieval Hannah Skoda, a ausência de registros anteriores e de evidências arqueológicas levanta sérias dúvidas sobre a autenticidade da Donzela de Ferro como um instrumento real de tortura medieval. Acredita-se que ela tenha sido uma invenção do século XIX, criada para alimentar uma visão exageradamente bárbara do passado europeu.
O historiador Peter Konieczny destaca que a construção dessa imagem servia a um propósito ideológico: contrastar a suposta selvageria medieval com a “civilização” moderna. Réplicas do dispositivo foram fabricadas e exibidas como relíquias históricas, apesar de não haver comprovação de seu uso em execuções reais.
Uma simulação moderna mostrou que, caso fosse usada como descrito, a Donzela de Ferro causaria uma morte extremamente dolorosa. A vítima, presa em pé, seria lentamente perfurada por espinhos de metal. A limpeza do interior do artefato, coberto de sangue e restos humanos, seria uma tarefa horrenda por si só.
Curiosamente, o nome do instrumento inspirou até mesmo a famosa banda de heavy metal Iron Maiden, que adotou o nome após o baixista Steve Harris assistir ao filme O Homem da Máscara de Ferro.
Apesar de sua origem provavelmente fictícia, a Donzela de Ferro continua sendo um símbolo poderoso da crueldade atribuída à Idade Média — mais como reflexo das fantasias modernas sobre o passado do que como um registro fiel da história.
