
Em uma sociedade marcada por competição e expectativas elevadas, a rejeição tornou-se uma experiência cotidiana para muitos. O psicólogo Roy Baumeister, referência em psicologia social, investigou os efeitos desse fenômeno e revelou como ele impacta profundamente o comportamento humano.
Segundo Baumeister, a reação inicial à rejeição não é tristeza, mas sim um “entorpecimento emocional”. Trata-se de um mecanismo de defesa no qual o corpo libera substâncias semelhantes a opioides, bloqueando temporariamente a dor emocional. No entanto, esse alívio momentâneo tem um custo: durante esse período, a empatia diminui e a agressividade pode aumentar.
Seus estudos mostram que pessoas rejeitadas tendem a apresentar pior desempenho em testes cognitivos e de autocontrole, agindo de forma mais impulsiva. Além disso, experiências de rejeição na infância estão associadas a uma menor tolerância à dor na vida adulta. A sensação de exclusão afeta não apenas o indivíduo, mas também grupos sociais inteiros, contribuindo para a polarização e o enfraquecimento das relações coletivas.
A solidão, frequentemente consequência da rejeição, também traz impactos físicos. Pacientes hospitalizados, por exemplo, se recuperam mais lentamente quando estão isolados. As redes sociais, embora prometam conexão, frequentemente intensificam o problema ao gerar micro-rejeições — como mensagens não respondidas ou falta de curtidas — que alimentam a autocrítica e o sentimento de inadequação.
Para lidar com a rejeição, Baumeister propõe estratégias práticas: dar tempo ao corpo para processar a dor (evitando decisões importantes nos dois primeiros dias), fortalecer vínculos reais com pessoas próximas, evitar comparações online, reformular pensamentos negativos e entender que a rejeição é parte natural de processos pessoais e profissionais.
O psicólogo destaca que a aceitação posterior tem um efeito reparador. Um único “sim” pode compensar diversos “nãos” anteriores, e o que realmente define uma trajetória não é a rejeição em si, mas a forma como se reage a ela.