
Em diversas ruas e praças de Santa Catarina, a presença de árvores com flores alaranjadas chama atenção pelo visual exuberante. No entanto, essa beleza esconde um sério risco ambiental. A espécie Spathodea campanulata, também conhecida como espatódea, bisnagueira ou tulipeira-do-gabão, está sendo combatida pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) por representar uma ameaça à fauna local, especialmente aos polinizadores.
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Originária da África Ocidental, a espatódea foi amplamente utilizada em projetos de paisagismo urbano por conta de seu porte vistoso e flores vibrantes. No entanto, pesquisas revelaram que o néctar, o pólen e a mucilagem da planta contêm substâncias tóxicas que causam a morte de abelhas nativas e prejudicam a espécie Apis mellifera, essencial na produção de mel.
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Segundo Gilberto Ademar Duwe, biólogo da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente, os polinizadores africanos provavelmente estão adaptados à espatódea, o que não ocorre com as espécies brasileiras. Por isso, ele defende a remoção e substituição das árvores para evitar danos maiores ao ecossistema local.
A ação do IMA reforça a Lei Estadual nº 17.694/2019, que proíbe o cultivo, a produção e a manutenção da espatódea em todo o estado. A legislação, em vigor desde janeiro de 2019, estabelece multa de R$ 1.000 por árvore ou muda, valor que dobra em caso de reincidência.
A norma também incentiva o plantio de espécies nativas, como ipês, aroeiras, canafístulas, ingás, corticeiras e carobas, que são mais adequadas ao meio ambiente catarinense. Elaine Zuchiwschi, engenheira agrônoma do IMA, destaca que a legislação contribui para a conscientização da população sobre o impacto das espécies invasoras.
Municípios como Jaraguá do Sul já estão colocando a lei em prática. A Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) está mapeando exemplares da espatódea e notificando moradores para realizar a remoção em até 60 dias, conforme a Lei Municipal nº 9.398/2023.
Além disso, a população está sendo orientada sobre como substituir as árvores de maneira segura. O IMA reforça que o controle dessas espécies é uma responsabilidade conjunta entre governos, viveiros e cidadãos, com o objetivo de proteger a biodiversidade e garantir um ambiente saudável para os polinizadores.