A estudante Annalice Nascimento de Melo, de 21 anos, de Natal (RN), viveu uma experiência rara e deu à luz sem saber que estava grávida e só descobriu a maternidade cinco dias após o parto. Sem enjoo, crescimento da barriga ou interrupção dos sangramentos menstruais, ela acreditava estar saudável até sofrer uma crise convulsiva causada por eclâmpsia, complicação grave da gravidez, no dia 16 de junho.
“Foi um choque para mim”, contou em entrevista à revista Crescer. A jovem afirmou que os sintomas foram tão sutis que nunca desconfiou da gestação. “Eu sempre tive gastrite e tenho escoliose. Então, dor nas costas, para mim, era algo comum, ainda mais porque eu trabalho com crianças e tinha que ficar pegando no colo. Cansaço eu também sentia sempre, porque eu sempre tive uma rotina muito puxada”, relatou.
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Annalice explicou que continuava tendo sangramentos regulares. “Os sangramentos eram regulares tanto que, duas semanas antes do nascimento do meu filho, eu sangrei durante três dias, que era o meu habitual”, disse. Sem suspeitar de gravidez, manteve a rotina habitual. “Eu fui para shows, fiquei horas de pé, comi sushi… Fiz tudo isso como se nada estivesse acontecendo porque, para mim, não estava acontecendo nada”, contou.
Em 16 de junho, começou a sentir dores de cabeça intensas e procurou atendimento médico. “Se não me engano, minha pressão estava 19 por 9, estava muito alta”, relatou. Ao voltar para casa, perdeu a consciência: “Cheguei em casa, tomei remédio, tomei banho e me deitei. Depois disso, não me lembro de mais nada”.
Durante a madrugada, sofreu a primeira convulsão. “Minha mãe disse que saía sangue da minha boca e eu fiquei dura. Todos os meus membros ficaram duros e, depois de uns 10 segundos, comecei a me debater”, contou. Ela foi levada a uma unidade de pronto atendimento, onde os médicos ainda não sabiam que estava grávida. “Tiveram que me dar mais medicação para controlar. Ainda não sabiam que eu estava grávida”, afirmou.
Após exames, a gestação foi descoberta, e Annalice foi transferida para um hospital. “Minha mãe escutou o coração dele e viu que ele estava lá mesmo. Eu já tive que ir direto para a sala de parto”, relatou. Segundo ela, os médicos alertaram que era “caso de vida ou morte”.
Após o parto, veio a terceira convulsão. “Quando tentaram me desentubar, comecei a convulsionar. Meus rins começaram a parar e os meus outros órgãos já estavam dando indícios de falência também”, contou. Annalice foi diagnosticada com eclâmpsia e síndrome de HELLP, condições que colocam em risco a vida da mãe e do bebê.
Levi Emanuel nasceu prematuro, com 34 semanas, pesando 1,2 kg e medindo 38 cm. “Eu só fiquei o primeiro dia entubada, depois, fiquei com sonda e aparelhos de monitoramento. Mas eu não me lembro de nada”, disse. Quando acordou, cinco dias depois, descobriu o que havia acontecido: “Quando ‘acordei’, foi um choque. Vi as roupas dos enfermeiros escrito ‘UTI’ sem entender o que eu estava fazendo lá”.
Uma assistente social e uma psicóloga explicaram que ela havia dado à luz. “Eu falei que não era possível, porque eu não estava grávida… Mas, elas disseram: ‘Você agora é mãe de um menino e ele está na UTI. Graças a Deus, ele está evoluindo muito bem’”, recordou.
A família acolheu a notícia com amor e apoio. “Quando descobriram da existência de Emanuel, fizeram vaquinhas, chá de fralda, fizeram muitas coisas para ele. Tanto que a única coisa que os meus pais precisaram comprar foi um guarda-roupa maior”, contou.
Os médicos explicaram que o bebê estava em uma posição que impediu o crescimento visível da barriga. “Ele estava encaixadinho atrás das minhas costelas, nem se ele se remexesse de todos os jeitos, eu não iria sentir”, disse.
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Hoje, Annalice segue em acompanhamento neurológico para investigar as convulsões e a perda de memória. “Ainda tenho um pouco de dificuldade para lembrar algumas coisas. Fazem só quatro meses que isso aconteceu, a minha adaptação ainda está em processo. Mas eu acho que tenho reagido bem a tudo isso. Ele é uma criança muito amada”, afirmou. A jovem também se adapta à maternidade.
A estudante reconhece o apoio da família como essencial na recuperação: “Minha família o ama muito. Como eu estou terminando a faculdade, eles são minha rede de apoio”.
Annalice encerra o relato com gratidão. “Eu me sinto cada vez mais realizada e acreditando cada vez mais que quando Deus quer, Deus faz, porque Ele tem um propósito muito grande tanto na minha vida quanto na de Emanuel”, declarou.
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