Em 20 de fevereiro de 2003, o norte-americano Joe Kinan foi assistir a um show de rock na boate The Station, em Warwick, Rhode Island, acompanhado da amiga e namorada Karla Jean Maraglia. O que seria uma noite de diversão se transformou em tragédia quando uma demonstração ilegal de pirotecnia usada pela banda Great White incendiou o isolamento acústico inflamável do local, matando 100 pessoas e ferindo mais de 200.
Joe sobreviveu, mas sofreu queimaduras de terceiro e quarto graus em 40% do corpo e perdeu todos os dedos, os pés e o olho esquerdo. Karla não resistiu. “Eu só pensei em protegê-la. Coloquei meu colete sobre a cabeça dela, mas as pessoas começaram a cair umas sobre as outras. Fiquei preso, mas consciente. Ouvia tudo, até que, depois de um tempo, só escutava a minha própria respiração”, contou.
Retirado dos escombros por bombeiros, Joe foi levado ao Hospital Geral de Massachusetts, onde passou três meses em coma induzido e realizou cirurgias em dias alternados. Ele acordou em 10 de maio de 2003 e chama essa data de seu “segundo aniversário”. “Porque vivi. Morri três vezes durante as cirurgias e poderia ter morrido no coma. A garota na cama ao lado tinha os mesmos ferimentos que eu e ela não sobreviveu”, relatou.
Desde então, Joe passou por mais de 130 cirurgias, incluindo um transplante de mão. Mesmo com sequelas físicas e traumas emocionais, ele nunca desistiu de reconstruir a própria vida. “Quando acordei e percebi o que havia perdido, pensei: estas são as cartas que me foram dadas e eu vou jogá-las da melhor forma possível”, afirmou.
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Em 2007, durante um congresso da Phoenix Society for Burn Survivors, Joe conheceu Carrie Pratt, também sobrevivente de queimaduras. A amizade cresceu e se transformou em amor. “Um dia ele simplesmente me beijou e perguntou: ‘Espero que isso esteja tudo bem.’ Eu disse: ‘Sim, está tudo bem’”, lembrou Carrie.
O casal se casou anos depois e, em 2014, recebeu a filha Hadley, que simbolizou um novo começo. “Eu estava sozinho antes de conhecer a Carrie. Achei que nunca mais estaria em um relacionamento. Hoje, sou pai e quero ser o melhor que puder para ela”, disse Joe.
Vinte anos após a tragédia, ele segue convivendo com as marcas do passado, mas encontrou força na família e no amor que renasceu das cinzas. “Acordei sem mãos, sem pés e sem parte da visão. Mas estou vivo, e isso é o que importa”, declarou.
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