Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho, de 19 anos, morreu após invadir o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, em João Pessoa. Após o ocorrido, um vídeo antigo voltou a circular nas redes sociais, no qual ele aparece saindo de uma viatura policial, sorrindo timidamente e dizendo que havia danificado um carro e que repetiria o ato por estar desempregado. A gravação, antes vista como um episódio irreverente, ganhou novo significado diante do trágico desfecho de sua vida.
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A morte de Gerson causou comoção e levantou debates sobre os fatores que o levaram a uma situação tão extrema. Sua trajetória foi marcada por abandono, pobreza e ausência de apoio psicológico adequado. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhava desde os 10 anos, explicou que ele sempre foi tratado como um caso de indisciplina, sem receber atenção especializada para seus problemas emocionais.
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Criado em um ambiente de extrema vulnerabilidade, Gerson era filho de uma mulher com esquizofrenia e conviveu com avós também com doenças mentais. Passou boa parte da infância em abrigos e instituições, fugindo frequentemente para tentar reencontrar a mãe, que não tinha condições de cuidar dele. Ao contrário dos irmãos, nunca foi adotado. Verônica ressalta que muitas famílias só querem adotar crianças “perfeitas”, algo raro em instituições de acolhimento.
Desde pequeno, Gerson expressava o desejo de ir à África para “domar leões”. Esse sonho, repetido com frequência, chegou a colocá-lo em perigo quando tentou invadir uma pista de pouso acreditando que conseguiria viajar para outro continente. Para quem o conhecia, esse desejo simbolizava sua busca por propósito e cuidado.
O diagnóstico de seus transtornos psicológicos só foi feito anos depois, quando já estava inserido no sistema socioeducativo. Segundo Verônica, durante oito anos foi feito o possível para ajudá-lo, mas a assistência especializada chegou tarde demais.
No dia do incidente, conforme informações da Prefeitura de João Pessoa, Gerson escalou um muro de mais de seis metros, atravessou as barreiras de segurança e entrou no espaço da leoa, utilizando uma árvore como apoio. O zoológico teve as visitas suspensas temporariamente, e uma investigação foi aberta para apurar o caso.
A Polícia Militar e o Instituto de Polícia Científica estão investigando as circunstâncias da morte, encerrando uma história marcada por sofrimento e falta de apoio desde a infância.






