Joe Arridy ficou conhecido como “o preso mais feliz do corredor da morte”, mas por trás desse apelido havia uma das histórias mais sombrias de injustiça já registradas nos Estados Unidos. Em 1939, o jovem de 23 anos foi executado na câmara de gás após ser acusado do estupro e assassinato de uma garota de 15 anos no Colorado — um crime que ele nunca cometeu.
Arridy tinha deficiência intelectual severa, com QI estimado em 46, equivalente ao de uma criança pequena. Ele mal compreendia onde estava, não entendia as perguntas dos policiais e, mesmo assim, foi induzido a confessar um crime que não poderia sequer explicar. Ainda assim, o sistema judicial ignorou todos os alertas sobre sua incapacidade e seguiu adiante com o julgamento.
No corredor da morte, Joe exibia um comportamento infantil que chocava guardas e jornalistas. Ele brincava com um trenzinho de brinquedo, pedia sorvete como última refeição e nunca demonstrou entender que seria executado. Essa ingenuidade extrema fez com que ficasse conhecido como “o preso mais feliz”, mesmo vivendo na antecâmara da morte.
Décadas depois da execução, investigações independentes revelaram falhas gritantes no caso. Outra pessoa havia confessado o crime, testemunhos eram contraditórios e não existia qualquer evidência concreta ligando Joe ao assassinato. Aos poucos, formou-se um consenso histórico: o jovem havia sido condenado apenas por ser vulnerável e incapaz de se defender.
Em 2011, 72 anos após sua morte, o então governador do Colorado concedeu um perdão póstumo completo a Joe Arridy, reconhecendo oficialmente sua inocência. O gesto tentou reparar uma injustiça devastadora — ainda que tarde demais para salvar sua vida e dignidade.
Hoje, o caso de Joe Arridy é lembrado mundialmente como um símbolo das falhas do sistema penal e dos perigos da pena de morte aplicada a pessoas com deficiência intelectual. Sua história ecoa como um alerta brutal: a justiça, quando falha, não apenas pune o inocente, mas apaga vidas que jamais deveriam ter sido destruídas.

