DNA da Peste Negra encontrado em dente de ovelha de 4 mil anos (Foto: Instagram)
Um estudo divulgado em outubro na revista Cell localizou pela primeira vez o DNA de Yersinia pestis — a bactéria responsável pela Peste Negra — em um animal domesticado da Idade do Bronze. A descoberta amplia o entendimento sobre a propagação precoce da doença na Eurásia, muito antes das grandes pandemias históricas.
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Os cientistas analisaram um dente de ovelha de cerca de 4 mil anos, recuperado em um sítio arqueológico nos Montes Urais Meridionais, na atual Rússia. Esse material genético raro sugere que a peste circulava amplamente entre humanos e seus rebanhos antes de surgir na Europa medieval.
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A equipe conseguiu reconstruir o genoma da bactéria presente na ovelha e constatou que ele era quase idêntico ao obtido de restos humanos da mesma era. Até então, só se tinha registro de cepas antigas da peste em esqueletos de pessoas.
Ao contrário das linhagens medievais, essa variante do Neolítico Tardio e da Idade do Bronze não possuía os genes necessários para ser transmitida por pulgas, vetores clássicos da doença na Europa.
Para explicar a disseminação sem pulgas, os autores propõem que o contato constante entre pastores, ovelhas e animais selvagens funcionava como ponte de infecção, permitindo que o patógeno viajasse com as caravanas de rebanhos.
Além de enriquecer a história das pandemias antigas, a pesquisa ressalta o papel das mudanças no modo de vida — como a domesticação e a mobilidade — na emergência de doenças zoonóticas, moldando a saúde humana muito antes da medicina moderna.
