Por que o HIV cresce entre a população da terceira idade?

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Dados do último boletim epidemiológico HIV/Aids divulgado pelo Ministério da Saúde mostram que no Brasil, nos últimos dez anos, o número de idosos com HIV cresceu 103%. E isso se deve a vários fatores relacionados à vida sexual da população dessa faixa etária, desde o aumento da maior expectativa de vida em geral até a proliferação, nos últimos anos, do uso de medicamentos para disfunção erétil, fatores que fazem com que esses indivíduos se mantenham sexualmente ativos por mais tempo. “Porém, como se trata de uma geração que, muitas vezes, não aderiu à cultura do uso do preservativo, a incidência do HIV tem aumentado, indicando a necessidade de se aprofundar a discussão sobre esse assunto junto a essa faixa da população.”, explica João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo .

Trabalhar o uso de métodos preventivos com idosos precisa ser algo constante. “Ainda que seja explorada cada vez mais frequentemente por essa faixa da população, a sexualidade ainda é um assunto delicado entre os mais idosos, especialmente em relação ao uso da camisinha. A baixa adesão a esta e a outras medidas preventivas contribui para aumentar o risco de contágio não somente pelo HIV, mas também por outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)’’, alerta o médico.

Diferencial do tratamento
Os avanços da ciência são capazes de manter a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, mas o tratamento de idosos requer uma atenção extra, pois muitas vezes existem outras condições de saúde que devem ser tratadas ao mesmo tempo. “Os cuidados para esse grupo são diferenciados, pois são combinados os medicamentos para o HIV com aqueles de outras doenças crônicas como o diabetes, a hipertensão arterial e para o controle do colesterol. O ideal é sempre tratar cada paciente de forma personalizada para que se obtenha o melhor resultado e com o mínimo de efeitos colaterais.”, informa.

O especialista também esclarece que, assim como os mais jovens, os idosos que vivem com o HIV e que fazem o tratamento de maneira correta podem tem uma vida normal. “Ele poderá levar a vida cotidiana normalmente. O importante é não abandonar o acompanhamento, tomar regularmente os medicamentos e manter um estilo de vida saudável”, reforça o especialista.