Carlos Ruiz e Lucas Monteiro, do Rio de Janeiro, adotaram três irmãos, Kawã, Edgar e Ketlin, hoje com 17, 15 e 10 anos, e transformaram a rotina da família em um exemplo de afeto e representatividade. Juntos há mais de dez anos, o casal sempre conversou sobre a vontade de ter filhos e, durante o processo de adoção, recebeu a proposta de manter o grupo unido.
“Quando recebemos a ligação sobre o grupo de irmãos, sentimos um frio na barriga. Era um desafio enorme, mas também uma oportunidade única de manter os três juntos”, relembra Carlos à Crescer. Para Lucas, a decisão foi imediata: “A gente se olhou e pensou: vamos dar um jeito. Essas crianças já tinham passado por muitas mudanças e mereciam estabilidade e amor”.
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O início foi marcado por um período de adaptação, intensificado pela pandemia. As primeiras visitas ocorreram no abrigo e, depois, os três passaram 15 dias na casa do casal, dormindo no chão, antes da decisão definitiva da Justiça. “Foi bastante desafiador, principalmente por causa do histórico deles, com um casal anterior que desistiu da adoção. No começo, nosso foco foi criar um ambiente seguro para que eles pudessem confiar na gente”, diz Lucas.
Carlos recorda que, nos primeiros meses, pequenos gestos sinalizavam a aproximação: “Um abraço espontâneo, um pedido de colo, um sorriso… Estes gestos mostravam que eles estavam começando a se sentir em casa. E quando aconteciam episódios de defesa, a gente dizia: ‘Vocês são os nossos filhos, aconteça o que acontecer. Nós somos os pais de vocês e vamos juntos’”.
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Antes da entrada na escola, o casal se preparou para lidar com possíveis episódios de preconceito. “Imagina três crianças pretas com dois pais brancos. Quando algo acontecia, pedíamos para eles contarem na escola ou em casa, para resolvermos rápido e não deixar nada passar impune”, explica Lucas.
A convivência levou o casal a novas reflexões sobre pluralidade e representatividade. “Quando nossos filhos chegaram, vimos que havia mais coisa para desconstruir. Por que a Ketlin só tinha boneca branca? Os desenhos que eles assistiam tinham pessoas pretas? Eles trouxeram questões que a gente não tinha percebido”, relata Carlos.
Nas redes sociais, onde reúnem mais de 634 mil seguidores, Carlos e Lucas compartilham momentos da rotina, falam sobre paternidade, adoção, diversidade e estruturas familiares. “Nos tornamos pais para transformar vidas, mas fomos nós que mais mudamos. A internet, quando usada com respeito, pode criar uma rede de apoio poderosa”, afirma Lucas.
Cinco anos após a adoção, a casa é marcada por vozes, risadas e dias movimentados. “A gente queria construir uma família. Conseguimos e ela veio muito mais completa, diversa e bonita do que imaginávamos”, conclui.
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